Quem ouve falar das obras de Jesus Cristo e nelas crê encontra o próprio Senhor
Neste terceiro Domingo do advento encontramos em São João Batista, o maior de todos os profetas, um eloquente testemunho de fé, de capacidade de escuta, de alguém que sabe colher a presença de Deus nos acontecimentos da história. Nem a prisão foi capaz de privar João Batista de reconhecer a manifestação de Jesus Cristo. Porque seus ouvidos estavam abertos e ele “ouviu falar das obras de Cristo” (Mt 11, 2). Assim, João Batista testemunha que o coração dos que creem no Senhor não pode ser aprisionado por nada.
Ao ouvir falar das obras de Jesus Cristo, João Batista se alegra, envia alguns dos seus discípulos para saber o que está acontecendo, para confirmar sua expectativa. Pois como toda a humanidade, também João Batista esperava a vinda do Messias. Ao ouvir os feitos do Senhor compreendeu que o tempo desta espera havia chegado ao fim.
Inquirido pelos discípulos de João Batista se o tempo da espera havia terminado: “És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” (Mt 11, 2). Jesus não responde nem que sim nem que não, apenas indica quais são as suas obras: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11, 4).
As obras de Jesus revelam, não somente para João Batista, mas para toda a humanidade, quem Ele é – O Filho de Deus – “que vem para salvar” (Is 35, 4). É bonito ver como João Batista fala de Jesus, e como Jesus fala de João. Ser cristão é isto, é permitir que nossa vida fale de Jesus, que nossa vida anuncie as suas obras.
Então não temos pretexto para não crer em Jesus Cristo, porque suas obras nos revelam quem Ele é. E a Igreja, cumprindo sua missão no mundo não faz outra coisa a não ser anunciar essas mesmas obras, para que os que as ouvem possam converter-se ao Senhor.
Como João Batista que, mesmo antes de ver o Senhor, reconhece sua presença no mundo “Quando ouviu falar das obras de Cristo” (Mt 11, 2). Quem ouve falar das obras de Jesus Cristo e nelas crê encontra o próprio Senhor. Quantos cegos, em nossos dias, também recuperam a vista ao abandonarem a incredulidade, o ateísmo, o paganismo, a indiferença e se abrirem à luz da fé, graças à pregação da Igreja ou ao testemunho luminoso dos autênticos discípulos de Jesus Cristo.
Quantos leprosos são curados, recuperam sua dignidade ao serem alcançados pela graça de Cristo, depois de terem se arrependido e confessado os seus pecados. Quantas pessoas chegam ao confessionário com a alma e o coração chagados, apodrecidos pela lepra do pecado, mas depois de ouvirem da boca do sacerdote: “Seus pecados estão perdoados”, se levantam para uma vida nova. Fazendo uma verdadeira experiência de ressurreição.
Essas e tantas outras obras de Jesus Cristo continuam a ser realizadas na Igreja e pela Igreja e anunciadas pela Igreja. De modo que quem, com honestidade de coração deseja encontrar o Senhor, pode encontra-Lo nas suas obras, na sua Igreja, nos pobres, nos seus sacramentos, nos que sofrem. A terra não está mais deserta nem intransitável (cf. Is 35, 1), o Senhor permanece entre nós e se deixa encontrar por aqueles que o buscam de coração sincero.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Is 35, 1-6a.10 / Sl 145 (146) / Tg 5, 7-10
Evangelho: Mt 11, 2-11