Precisamos da caridade, precisamos de Deus
Como peregrinos neste mundo carecemos de muitas coisas: de amor, de cuidado, de formação, de estudo, de convivência, alimento, carinho atenção, de família, da comunidade; mas sobretudo precisamos da caridade, precisamos de Deus, porque Deus é a caridade (cf. IJo 3). No entanto, há em nosso tempo uma crescente rejeição a Deus e a tudo o que se refere a Ele: a oração, a Igreja, a Palavra de Deus, os sacramentos. Diante disso é tempo de reafirmar nosso amor e fidelidade a Cristo e à sua Igreja.
Isto não pode se dar sem graves consequências para a humanidade, pois quando nos perdemos de Deus, nos perdemos de nós mesmos. Rejeitar a Deus e o seu Enviado – Nosso Senhor Jesus Cristo – é um grave erro, porque significa rejeitar o que mais precisamos, o maior de todos os dons, como constatamos nas seguintes palavras de São Paulo: “Atualmente, permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade” (ICor 13,13).
Tudo neste mundo e nesta vida é transitório, somente Deus permanece para sempre. Disto se revela a loucura de uma vida sem Deus, sem caridade, sem Cristo. Rejeitar a Nosso Senhor Jesus Cristo é rejeitar a única realidade que permanece para sempre, a Verdade que não caduca, que não morre, que não envelhece. Por outro lado, quem acolhe o Senhor, pela fé, dá solidez e sentido à sua vida, às suas escolhas.
Desde o início do seu ministério público Nosso Senhor Jesus Cristo experimentou o azedume da rejeição, da perseguição, mas Ele não se deixou intimidar por isso, também não podemos nos intimidar diante da virulência que tem se levantado contra a Igreja e os que creem em Cristo. Ao entrar na sinagoga de Nazaré Cristo suscita de início a admiração que muito cedo transforma em fúria. A mesma assembleia que ficou admirada “com as palavras cheias de encanto que saiam” da boca de Jesus foi aquela que, logo depois, ficou furiosa, quando Ele denunciou a sua indiferença e incapacidade para acolhe-Lo, como o enviado do Pai: “todos na sinagoga ficaram furiosos”.
Esta assembleia da sinagoga de Nazaré é símbolo de tantos contemporâneos nossos que se encantam com Jesus Cristo somente naquilo que lhe convém, mas tornam-se furiosos, quando este lhes chama à conversão ou denuncia os seus pecados. Nós precisamos de Jesus Cristo, Ele é a caridade encarnada, à qual ou se aceita por inteiro ou se rejeita por inteiro. Porque a verdade não permite ser esfacelada.
Qual a nossa posição diante de Jesus, da sua proposta de vida? De admiração? De encanto? De rejeição? De indiferença? De fúria? Ou de acolhida? Não percamos de vista este dom, porque sem Cristo não somos nada. Ele é o dom mais elevado que podemos aspirar, “um caminho incomparavelmente superior” (ICor 12,31).
Porém, os poderes mundanos continuam a fazer guerra contra Cristo e a sua Igreja, como podemos constatar na grave calúnia levantada nestes últimos dias pela grande mídia contra o Papa emérito, Bento XVI. Esta guerra é consequência de um mundo que está atolado na mentira e no pecado, como tal não suporta o testemunho luminoso de um cooperador da verdade, como Bento XVI, por isso procuram destruir sua reputação. Assim, como fizeram com Jeremias, com tantos outros profetas, com nosso Senhor Jesus Cristo, os seus apóstolos e tantos outros ao longo da história da salvação. É conhecido de todos, que acompanham minimamente a vida da Igreja, o firme e sincero empenho do Papa Bento XVI, já como prefeito da CDF, para banir da Igreja o abominável crime da pedofilia, que precisa ser banida não somente da Igreja, mas de tantos outros ambiente nos quais se encontra muita mais destrutiva.
Não obstante a fúria do mundo contra a verdade e aos que a servem, precisamos confiar na força da caridade, do bem, da verdade, a única capaz de transformar o mundo. Num mundo marcado pela impaciência, a caridade nos forma para a paciência; num mundo marcado pelo mal, ela nos impulsiona para a benignidade; num mundo marcado pela inveja, ela nos forma para alegrar-se com o bem e o sucesso dos outros. A caridade é a resposta cristã diante da maldade, mentira, cinismo e ódio reinante no mundo. Por mais que tais realidades se façam presente no mundo Jesus continua seu caminho, bem como a sua Igreja. Sinal que a maldade do mundo não tem poder para sufocar a caridade.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Jr 1,4-5.17-19 / Sl 70 (71) / 1Cor 12,31-13,13
Evangelho: Lucas 4,21-30