“Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15)

A ascensão do Senhor inaugura um modo novo de Sua presença no meio do seu povo – uma presença sacramental. O Senhor sobe aos Céus, porém, não deixa os seus discípulos na orfandade, lhe confere o dom do Espírito Santo, para que possam propagar no mundo o evangelho da salvação e do amor.

Por isso, antes da sua ascensão ao Céu, o Senhor envia os seus discípulos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). Este mandato do Senhor, confiando à sua Igreja permanece atual. O mundo precisa do evangelho, os homens de todos os tempos precisam do Evangelho, nós precisamos do evangelho, visto que esta é a única força capaz de transformar o mundo e nos libertar de todo mal.

O anúncio do evangelho é missão de toda a Igreja – pastores e fiéis. Claro que aos pastores (bispos e padres) recai uma responsabilidade muito maior, de ordem ministerial, no anúncio do evangelho, mas a todos os batizados recai o dever do anúncio e do testemunho. Esta é uma missão grave da qual não podemos nos furtar. A ordem do Senhor é para que anunciem o evangelho. Ou seja, o evangelho não se vende, não se negocia, muito menos se adapta à mentalidade mundana, como muitos tem procurado fazer; o evangelho é para ser anunciado e testemunhado.

Falsear o evangelho para torna-lo agradável ao mundo e ao pecado seria uma imperdoável traição a Jesus Cristo, ao ser humano e à própria missão da Igreja. Os valores do evangelho não podem se curvar ou estar a serviço de ideologia alguma. Nós é que temos que nos converter ao evangelho, não o evangelho a nós. Nós é que temos que moldar nossa vida segundo o evangelho não o contrário.

Prevendo tais desvios São Paulo já advertia a comunidade dos Gálatas: “…se alguém – ainda que nós mesmos ou um anjo do céu – vos anunciar um evangelho diferente do que vos anunciamos, seja anátema. Como já vo-lo dissemos, volto a dizê-lo agora: se alguém vos anunciar um evangelho diferente do que recebestes, seja anátema” (Gl 1,8-9). Até parece que São Paulo está falando para os nossos dias, nos quais homens eivados de soberba procuram esvaziar o evangelho para apaziguar suas consciências corrompidas e para justificar pecados brutais. Estes tem o espírito mundano, não o Espírito Santo de Deus.

Falsear o evangelho significa roubar a esperança do homem pecador, porque na sua essência o Evangelho é Jesus Cristo, e este não pode ser moldado segundo o capricho humano. Não resta dúvidas, Jesus Cristo é a única esperança do mundo, tomamos parte nesta esperança pela fé e pelo batismo. É o anúncio que suscita a fé que nos leva ao batismo que, por sua vez, nos abre a porta da salvação.

A ascensão do Senhor marcou o início do tempo da Igreja, o tempo do anúncio, o tempo da fé, tempo da misericórdia, tempo do combate contra o mal. Porque, de fato, a Igreja existe para impedir o avanço do inferno no mundo e nos corações humanos, para anunciar a salvação. Não por acaso que os sinais que acompanham o anúncio do evangelho são: “…expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curado” (Mc 16,17ss).

Por fim, o Senhor subiu ao céu sem, no entanto, nos deixar a mercê do mal, Ele nos deixou sua Igreja, que nos dá o seu evangelho, seus sacramentos e nos forma para viver em comunidade. Com estes tesouros podemos sair vitoriosos no combate contra o mal. Não aceitemos um evangelho falsificado, não deixemo-nos moldar pelo mundanismo. Aos que creem basta o evangelho de Jesus Cristo, aquele mesmo de sempre que Ele ordenou aos seus discípulos que anunciassem ao mundo.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: At 1,1-11 / Sl 46 (47) / Ef 1,17-23
Evangelho: Marcos 16,15-20