O triunfo de Nosso Senhor é a ruína dos ímpios e a salvação dos justos
A Solenidade de hoje é uma oportunidade para meditarmos dois importantes títulos de Jesus: Senhor e Rei do Universo. Num primeiro momento estes dois títulos parecem distantes da condição do Cristo Servo e servidor que passou por este mundo fazendo o bem e morreu crucificado numa cruz. Contudo Cristo é Senhor e Rei do Universo e nos manifestou esta sua condição se revelando como Servo.
Cristo é Senhor “pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra… Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1, 16). Ou seja, toda a criação depende de Jesus Nosso Senhor, Ele unido ao Pai é que sustenta toda a criação. Nada neste mundo se iguala ao poder de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque o seu poder é um poder de salvação.
Certo é que o mundo tem se esquecido deste senhorio de Nosso Senhor, procurando se organizar como se fosse uma realidade independente, que basta a si mesma. Assim, cada indivíduo organiza sua vida como se Cristo não existisse; as famílias, as escolas, a sociedade, a política fazem o mesmo. Isto tem consequência, porque à medida que às realidades humanas se afastam do senhorio de Nosso Senhor Jesus vão se tornando escravas da mentira, do pecado, das ideologias, do consumismo, se atolando na impiedade. Pois lá onde se perde o temor de Deus, toda espécie de mal torna-se possível.
Somente Jesus é o Senhor que salva, fora Dele não há salvação. Sua crucificação na cruz foi o preço do nosso resgate. Foi por amor a nós que o Senhor enfrentou a zombaria dos chefes do povo, dos soldados e até mesmo de um dos malfeitores que foi crucificado ao seu lado. Estes, como tantos outros em nossos dias, zombam do Senhor crucificado, zombam da fé, do evangelho, da Igreja, porque estão acostumados e querem senhores que dominam pelo poder, pela força, pelo dinheiro, pela mentira, pelo cinismo, como tantos falsos messias políticos e religiosos que aparecem em todos os tempos com promessas falsas de salvação.
O Senhorio de Jesus é essencialmente diferente do senhorio humano. Ele domina pelo amor, pela graça, pela verdade. Estas são as forças que Jesus tem para nos atrair para Ele, para o seu domínio sobre nossa vida e sobre este mundo.
Jesus, o Senhor, ao qual aderimos pela fé é também Rei do Universo, e tem direito de reinar sobre nossas vidas, nossas famílias, sobre este nosso mundo. Jesus é um Rei que salva, não que escraviza; é um Rei que redime, não que condena; é um Rei que dá a vida por seus súditos, não que explora. Dele recebemos “a redenção, o perdão dos pecados” (Cl 1, 14); Dele recebemos a vida, este mundo e tudo que Ele contém.
Quando excluímos o reinado de Jesus de sobre nossas vidas, famílias, da vida social, estamos usurpando o Senhorio e o Reinado de Cristo, de quem recebemos tudo. Entre tantas injustiças presentes neste mundo, a maior de todas elas é a do desprezo de Deus e dos seus mandamentos; o não reconhecimento do Senhorio de Cristo e do seu reinado sobre todas as coisas.
Porém, esta ingerência e ingratidão dos homens não durará para sempre, porque o Senhor “há de vir para julgar os vivos e os mortos”. Neste dia “Não ficará pedra sobre pedra” (Lc 21, 6). Neste dia os maus e soberbos, os insolentes, os corruptos e violentos, os mentirosos, os pecadores contumazes, os que confiam somente no seu poder, na sua riqueza, que não acolheram Cristo na humildade e pobreza da sua encarnação, ficarão aterrorizados; pois a partir do momento que rejeitaram a Cristo colocaram-se num juízo de condenação.
Mas aqueles que o acolheram na simplicidade da fé, que se deixaram corrigir e formar-se por seu amor, que reconheceram seus próprios pecados e se abriram à graça da conversão, a exemplo de um dos malfeitores que que foram crucificados ao lado de Jesus; este será um dia de salvação, um dia de graça, um dia esperado com alegria. Aqueles cuja vida neste mundo foi submetida ao Senhorio e ao Reinado de Cristo, se alegra com esta esperança, com esta promessa da vinda gloriosa do Senhor no fim dos tempos. Pois o triunfo de Nosso Senhor é a ruína dos ímpios e a salvação dos justos.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: IISm 5, 1-3/Sl 121 (122)/Cl 1, 12-20
Evangelho:Lc 23, 35-43