A fé é uma porta que se abre, para que possamos ter acesso à vida de Deus
Hoje ouvimos no texto dos Atos dos Apóstolos que, mediante o árduo trabalho de evangelização de Paulo e Barnabé e dos demais apóstolos que foi “aberto a porta da fé para os pagãos” (At 14, 27). Assim a fé é uma porta que se abre em nós para termos acesso a Deus em Jesus Cristo.
A fé não é, pois, “um salto no escuro” como costuma afirmar o senso comum e os ateus. Muito pelo contrário, a fé é uma porta que se abre, para que possamos ter acesso à vida de Deus. Por esta porta nós um dia passamos, quando fomos batizados. Porém, temos que dizer, há muitos que embora tendo encontrado a porta da fé aberta diante de si, porque foram batizados, não ousaram entrar na vida de Deus, na vida da graça, na vida cristã. Preferindo seguir outros caminhos, não o do evangelho.
A porta da fé está aberta para nós, não nos contentemos em ficar apenas na sua soleira, temos que entrar na vida em Cristo, na vida da graça, na vida do evangelho. Entrar no mandamento novo que Ele nos deu. Quem entra por esta porta não se perderá pelos descaminhos do mundo.
A fé em Nosso Senhor Jesus Cristo nós dá a graça da redenção e da filiação. Pela graça da redenção recebemos o perdão de todos os nossos pecados. Esta graça da redenção a Igreja continua a dispensar, de modo privilegiado, no sacramento da reconciliação e da Eucaristia. Pela graça da filiação nos tornamos filhos adotivos de Deus, herdeiros do céu. Esta graça da filiação a Igreja continua a dispensar através do batismo.
Por isso, que a fé que nos salva a recebemos através da Igreja pelo batismo. Daí que, quando se celebra o batismo de um adulto, o sacerdote pergunta ao catecúmeno: “O que pedes a Igreja?” O catecúmeno responde: “A fé!” O sacerdote prossegue: “E o que te dá a fé?” O catecúmeno responde: “A vida eterna!”.
Não podemos deixar morrer esta fé que um dia recebemos no batismo. Aquele que vem a perder a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, fecha para si a porta que lhe dá acesso à vida eterna. De modo que a fé batismal precisa ser professada – o Creio em Deus –, o Símbolo da fé; precisa ser celebrada na liturgia, nos sacramentos, sobretudo a Eucaristia; precisa ser vivida – os Mandamentos divinos –, entre os quais ocupam o primeiro lugar “Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo”; por último, esta fé precisa ser rezada – o Pai- Nosso — a oração do Senhor, que se fez também a oração dos servos de Deus.
Sem testemunhar, celebrar, viver e rezar não há como conservar a fé em nosso coração. A fé é a única porta que nos abre o caminho para Deus. Tanto que a Palavra de Deus nos diz: “Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável” (Hb 11, 6). Ou seja, sem fé é impossível agradar a Deus, é impossível se salvar, é impossível vencer as tentações e ilusões deste mundo, é impossível permanecer cristão e católico. Por isso, supliquemos constantemente ao Senhor: “Eu creio! Mas aumenta a minha fé!” (Mc 9, 24).
Não nos deixemos enganar, vivemos num mundo, numa cultura que quer apagar os sinais da presença de Deus na vida dos crentes, nas famílias, na sociedade. E muitos católicos tem trocado a fé por esta sedução enganosa de uma vida sem Deus. Não podemos nos esquecer, um mundo sem Cristo, sem Deus, sem fé, não tem futuro. Façamos nossas as palavras de São Paulo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (IITm 4, 7). Combatamos, não deixemos nossa vida ser invadida pela indiferença religiosa, pelo mundanismo, pela cultura esquisita e do esquisito que tem se imposto com violência. Guardemos até o fim a fé que recebemos da Igreja, pois, ela é a porta da salvação.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: At 14, 21b-27∕Sl 144 (145)∕Ap 21, 1-5a
Evangelho: Jo 13, 31-33ª.34-35