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quarta-feira, 8 maio, 2024 - 03:53 AM

IV Domingo da Páscoa

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É do Cordeiro Pastor quem vem nossa libertação

Quando rezamos a Salve-Rainha dizemos: “A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. Com estas palavras nos confrontamos com o realismo do que é a nossa vida temporal neste mundo, marcada por muitas alegrias, mas também por inúmeras tristezas, por lágrimas, por sofrimentos.

Também este trecho da oração da Salve Rainha nos recorda qual é a nossa situação neste mundo, a de degredados filhos de Eva. Ou seja, estamos longe da nossa pátria definitiva, e como filhos de Eva somos pecadores, perdemos com ela e Adão a graça do paraíso. Sendo assim, não podemos nos iludir pensando que podemos construir um paraíso aqui. Este mundo é terra de degredados, na qual somos atingidos por muitos infortúnios, sequelas do pecado original.

Ora sofremos a ameaça da guerra, da pandemia, do desemprego, da recensão, da instabilidade política, das fraquezas e limites pessoais, da pobreza, da doença, da perseguição. O que nos dá a percepção clara que a existência do homem neste mundo é constantemente ameaçada, instável e transitória.

Mas resta-nos uma esperança, porque aquilo que perdemos em Eva e Adão – o paraíso – nos foi dado de novo em e por Nosso Senhor Jesus Cristo, o supremo pastor de nossas almas. Ele nos conhece, sabe das nossas dores, lágrimas e sofrimentos. Tanto que veio habitar este mundo, fazendo-se um de nós, exceto no pecado, para com sua paixão, morte e ressurreição, nos libertar deste vale de lágrimas.

Somente Jesus – O Cordeiro pascal pode enxugar definitivamente as nossas lágrimas. Como nos lembra o Livro do Apocalipse de São João: “Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água da vida. E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos” (Ap. 7, 17).

Não é por acaso que a vida do homem sem Cristo se resume em pranto e ilusão. Pranto pelo peso esmagador dos sofrimentos e ilusão pelo engano dos ídolos, a futilidade das coisas e das ideias, a banalidade e fugacidade dos bens de dos prazeres.

Esta bela imagem do Cordeiro Pastor, Cristo Jesus, é a fonte da esperança. É do Cordeiro Pastor quem vem nossa libertação, Ele que já habitou este mundo, e nele continua a agir através da sua Igreja, dos seus sacramentos, da sua Palavra, há de transformar nossa condição de degredados à condição de repatriados à vida eterna.

Uma vida que já começou para nós, quando fomos lavados nas fontes da água da vida – a pia batismal – útero materno da Igreja que é mãe, e que continua a gerar filhos para Deus, irmãos em Jesus Cristo.

O Cordeiro Pastor conhece nossas lágrimas, sofrimentos e fraquezas. Pois como Cordeiro experimentou a nossa sorte de degredados, própria daqueles que peregrinam longe da sua pátria – o Céu. Mas o Cordeiro é nossa libertação, porque é pastor e como tal tem o poder de nos conduzir às fontes da vida eterna. Para uma pátria onde já não haverá: “fome, nem sede. Nem algum calor ardente…” (Ap 7, 16).

Mas enquanto nos encontramos na condição de degredados, de peregrinos neste mundo, somos chamados a minimizar as dores do mundo com o empenho da caridade, com o testemunho de uma vida santa. A nós cabe o empenho sincero e honesto de dar pão a quem tem fome, vestir quem está nu, visitar quem está preso, dar água a quem tem sede, levar a paz onde impera a violência, reconciliação onde domina a rivalidade e divisão, fé aonde grassa a ignorância. Mas enxugar definitivamente as lágrimas dos nossos olhos cabe ao Cordeiro Pastor, Aquele único que tem o poder de nos dar a vida eterna. Recorramos a Ele, é Ele que vem ao nosso encontro nos sacramentos, de modo mundo privilegiado na Eucaristia, quando ouvimos da boca do sacerdote: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”.

Pelo Cordeiro Pastor recebemos o perdão dos nossos pecados. No Cordeiro Pastor encontramos a vida eterna. Degredados sim, mas abandonados jamais, temos um Cordeiro Pastor que nos salva e conduz pelos caminhos tortuosos deste mundo, que se compadece das nossas lágrimas.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: At 13, 14.43-52∕Sl 99 (100)∕Ap 7, 9.14b-17
Evangelho: Jo 10, 27-30

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