“Cristo morreu por nossos pecados” (ICor 15,3)

O pecado é um mal nefasto, uma ofensa a Deus, porque Ele nos ama incondicionalmente, é apartar-se da caridade, do bem e da bondade que Deus nos oferece. O pecado é, e sempre será, um mal que não temos como reparar por nossas próprias forças. Somente Nosso Senhor Jesus Cristo é capaz de sanar em noss’alma o dano causado pelo pecado. Por isso precisamos caminhar na proximidade com o Senhor.

Não é por acaso que a morte de nosso Senhor Jesus na Cruz foi uma morte redentora. Nele temos a remissão dos nossos pecados, de modo que sem Cristo, não temos reconciliação, não encontramos misericórdia. A resposta a tão grande dádiva é o arrependimento sincero, também chamado de contrição perfeita.

Reina em nosso tempo uma grave desordem, caracterizada pelo medo de Cristo e uma forte aceitação de todo tipo de pecado, inclusive para com aqueles que bradam ao céu: a exploração dos pobres e pequenos, o aborto, a sodomia, a eutanásia e outros. Fazer uma opção pelo pecado é escolher a morte. Isto mesmo, porque o pecado gera a morte.

Não tenhamos medo Daquele que “morreu por nossos pecados” (ICor 15,3). Somente Ele pode nos devolver a vida. Não fujamos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Antes, temos que fugir do pecado, porque fugir do pecado é fugir do inferno. Enquanto que, fugir de Cristo, rejeitar o seu amor é desistir da vida e da salvação.

Não tenhamos temor de Cristo, sejamos temerosos do pecado. É natural que o homem pecador, ou em estado de pecado, queira fugir de Cristo. A exemplo de Pedro que diz: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (Lc 5,8). Mas Jesus se aproxima e lhe diz: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens” (Lc 5,10). Devemos temer o pecado e uma vida no pecado, não a Cristo. Porque o homem só diante do seu pecado, somente lhe resta o desespero.

Deixemo-nos mover pelo arrependimento sincero, procurando morrer para o pecado, afim de viver para Cristo. Ele morreu por nós, para que possamos viver para Ele e por Ele. Fujamos da triste decisão de muitos contemporâneos nossos, para os quais a graça de Deus tem sido estéril. Pois fizeram uma opção pelo pecado, pela morte, rejeitando a vida nova da fé e da graça de Deus. Não são poucos os que preferem afastar-se da Eucaristia, do que afastar-se dos seus pecados. Quem se aproxima da mesa do pão da vida, precisa afastar-se cada vez mais do banquete dos ídolos. Quem se banqueteia dos prazeres mundanos se distancia do Pão vindo do céu para vida do mundo.

Homens pecadores sempre existiram e vão continuar a existir, porque todos somos pecadores. Porém, há um fenômeno atual que nos assusta – a incapacidade para o arrependimento e a indisposição para pedir perdão – seja ao próximo, seja para aproximar do sacramento da reconciliação. A Confissão é um tesouro, na qual podemos colher a reconciliação pelos méritos da morte redentora de Jesus.

Não nos esqueçamos, o arrependimento nos abre a porta do manancial da graça divina. O perdão nos abre a porta da reconciliação. “Cristo morreu por nossos pecados” (ICor 15,3), para que não morrêssemos no pecado. Cristo morreu por nossos pecados, e nos convida a morrer para o pecado e a viver para Ele. Tenhamos temor e tremor diante do pecado, mas diante do Senhor nos aproximemos com confiança, derramando as lágrimas do arrependimento, no desejo sincero de viver a reconciliação com Deus e com os irmãos. Pois uma vida sem reconciliação é um inferno, é a morte.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Is 6,1-2a.3-8 / Sl 137 (138) / 1Cor 15,3-8.11
Evangelho: Lucas 5,1-11