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domingo, 28 abril, 2024 - 04:07 AM

XXII Domingo do Tempo Comum

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“Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir”. (Lc 14, 14)

O desejo de ser feliz é uma aspiração legítima do ser humano. Deus nos criou para sermos felizes. A questão é que nem sempre sabemos o que nos pode trazer felicidade. Sabemos o que queremos – ser felizes – mas não sabemos com clareza o que pode dar o que queremos. O evangelho nos aponta que o caminho para a felicidade passa por fazer o bem àqueles que não pode nos oferecer nada em troca. Ou seja, é feliz que ama na gratuidade.

Normalmente um dos caminhos pelos quais o homem procura a felicidade é a busca de reconhecimento, da fama, de consideração entre os irmãos, parentes, amigos e vizinhos. Esta busca de reconhecimento muitas vezes é construída através do jogo de influência, do toma lá da cá, da concessão de benefícios mútuos.

Neste tipo de relação não há espaço para a gratuidade, tudo é feito por interesse, mesmo as obras mais nobres. Preciso do favor de alguém, vou dar um jantar na minha casa o convido, e faço com que ocupe o primeiro lugar. Preciso do apoio de fulano, por isso compactuo com seus pecados.

Esta falta de gratuidade somada à busca da felicidade pela via do reconhecimento corrompe a pessoa e aqueles que se relacionam com ela. Gerando não a felicidade almejada, mas a infelicidade que é consequência de um coração corrompido pelo pecado.

Esse modo de relacionar-se adoece a pessoa, e aqueles que convivem com ela. Porque onde não há gratuidade não há liberdade, onde não há liberdade, não há felicidade. Esta ausência de gratuidade se transforma depois em orgulho, falta de humildade, autossuficiência.

É próprio do orgulho distorcer a visão da pessoa sobre si mesmo, sobre os outros e sobre Deus. O orgulhoso transforma a sua vida num jogo, no qual se permite usar de todos os subterfúgios possíveis para ocupar os primeiros lugares. Porque a visão que tem de si não é realista, tem uma auto visão muito elevada. Isto se manifesta na constante referência às suas prerrogativas de cargo, de título acadêmico, de poder econômico, de origem, de formação cultural.

O orgulhoso não é capaz de reconhecer que, não obstante seu esforço pessoal, aquilo que é e que conquistou na vida foi coadjuvado por tantas pessoas que o ajudaram no percurso da sua vida. Não é capaz de reconhecer que se tem dotes humanos, espirituais, intelectuais, foi recebido de Deus. Pensa que tudo é conquista sua, não é capaz de fazer a experiência da gratuidade. Assim, tudo o que faz é movido por interesse, uma fez que pensa que tudo que tem foi porque conquistou por si mesmo.

No oposto do orgulhoso está o humilde, aquele que tem uma visão realista de si mesmo, dos outros e de Deus. Este compreende o que diz o texto do Eclesiástico: “Na medida que fores grande, deveras praticar a humildade” (Eclo 3, 20).

O humilde é capaz de reconhecer que o que ele é, o que ele tem é fruto da gratuidade de Deus e dos outros. Que sem Deus e os outros ele não seria nada. Enquanto o orgulhoso realiza o bem na expectativa de ser reconhecido ou de receber algum favor em troca. O humilde realiza o bem pelo bem, sem expectativa de receber qualquer retribuição nesta vida, porque sabe que o bem pelo bem o fará feliz.

A expectativa do humilde é a de receber a recompensa dos justos na vida eterna: “Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos” (Lc 14, 14). O humilde não se move para fazer o bem a quem quer que seja: pobres, aleijados, coxos, cegos…, esperando receber a recompensa que vem dos homens, mas porque está convencido do valor do bem, e espera a recompensa que vem de Deus. Este é feliz!

Começamos a ser felizes quando somos movidos a fazer o bem sem expectativa de recompensas temporais. Quando priorizamos fazer o bem, estender a mão, ajudar e cuidar de quem não pode nos dar nada em troca. Quem age assim começa entrar na lógica de Jesus Cristo, que deu sua vida em favor da humanidade pecadora, que nada podia lhe dar em troca. Por isso, Jesus Cristo é o humilde por excelência.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF

Reginaldo Mendonça
Reginaldo Mendonçahttps://diocesedeformosa.com.br/
Criada em 16 de outubro de 1979, é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no Brasil, sufragânea da Arquidiocese de Brasília. Pertence à província eclesiástica de Brasília e ao Regional Centro-Oeste da CNBB.

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