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quarta-feira, 8 maio, 2024 - 23:52 PM

XXIX Domingo do tempo comum

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“Eu sou o Senhor, não há outro” (Is 45, 6)

Os herodianos e os fariseus chamam a Jesus de mestre, quando na verdade querem mesmo é criar um pretexto para arrastá-Lo para a morte. Tramam esta maldade com uma pergunta aparentemente simples: “É lícito ou não pagar imposto a César?” (Mt 22, 17). Se Jesus respondesse que não estaria se declarando inimigo do imperador, se dissesse que sim seria considerado inimigo do povo, já sufocado por tantos impostos ao nível da injustiça.

Contudo, Jesus, conhecendo as intenções do coração, coloca as coisas no seu devido lugar: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21). Noutras palavras o poder de Deus não está em contradição com as autoridades legitimamente constituídas. Há uma diferença essencial entre ambas, mas não uma oposição. O que é de César é de César, ou seja, o que é deste mundo é deste mundo. O que é de Deus é de Deus.

Não cabe demonizar as autoridades constituídas, como também não cabe diviniza-las. Não cabe mundanizar a Deus, como não é lícito excluí-Lo da vida dos homens. Como sistematicamente tem sido feito por muitos regimes políticos atuais que tem a pretensão de apagar Deus das consciências, sufocando a liberdade de se viver a fé.

Ainda, a autoridade de Deus não pode ser subordinada às autoridades humanas. Uma vez que as autoridades humanas são temporais e limitadas, a autoridade de Deus é eterna, infinita e universal.

O cristão respeita as autoridades civis legitimamente constituídas, compreende o seu valor, mas não deixa de reconhecer e apontar o seu limite. Lá onde estas autoridades estabelecem leis, princípios, ideologias, que contrariam os mandamentos divinos, ou que suprimem o culto, o louvor e a glória devidas a Deus, cessa-se o dever desta obediência.

As autoridades humanas não podem ser nem demonizadas, nem divinizadas. Trata-se de uma ferramenta política necessária para a condução das realidades terrenas, para promover o bem comum. Contudo, estas não substituem a autoridade de Deus, a quem somente é devido à honra, a glória e poder.

As autoridades humanas, por mais prepotentes e dominadoras que sejam, não são deuses. Como nos recorda o profeta Isaías: “Eu sou o Senhor, não há outro” (Is 45, 6). Reconhecer que Cristo é o Senhor, significa aderir àquilo que Ele nos pede, é adequar a nossa vida ao querer de Deus. As autoridades humanas são representantes do povo nas coisas terrenas, mas não são senhores. Senhor há somente um – Jesus Cristo, aquele que pode nos dar a vida eterna.

Se alguém procura adequar sua mentalidade, sua vida segundo o seu próprio querer, está usurpando a soberania de Cristo Senhor sobre a sua vida. Se alguém vier a desprezar o senhorio de Cristo sobre sua vida, sobre o seu querer, sobre as realidades temporais, também está usurpando o que é devido a Deus.

É preciso dar a César o que é de César. Ou seja, respeitar as autoridades legitimamente constituídas, cooperar para que elas cumpram o seu fim de manter a ordem, o bem comum, a justiça, a promoção do desenvolvimento técnico, humano e material.

Porém, é preciso dar a Deus o que é de Deus: a obediência, o culto, a honra, a adoração, o louvor, a ação de graças. Sabemos que vivemos num país laico, mas que não é um país ateu e de ateus. De modo que as leis divinas, não podem ser ignoradas na elaboração das leis humanas. Esta última deveria ser um reflexo da lei de Deus. O multiplicar-se de tantas leis iníquas em nosso tempo é uma usurpação da honra devida a Deus. Sobretudo, aquelas que ferem gravemente a dignidade humana, a inviolabilidade da vida, a dignidade do matrimônio e da família, constituída sob a união de um só homem e uma só mulher e por toda a vida; que desprezam a justiça e o socorro dos pobres.

 

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Is 45, 1.46/Sl 95 (96)/ Its 1, 1,1-5b
Evangelho: Mt 22, 15 -21

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