“Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto” (Mt 55,6).
Diante do mistério da encarnação do Verbo (Jo 1,14), compreendemos a infinita benevolência de Deus que se rebaixa, que se fez um de nós para vir ao nosso encontro. Em Jesus Cristo, que se fez homem, Deus veio nos buscar, nos revelou o seu rosto, se tornou acessível a nós. Este tempo de graça inaugurado com a vinda de Jesus Cristo é agora ocasião privilegiada para que todos os homens busquem a Deus. O Senhor tem pressa em nos encontrar, não sejamos morosos em ir ao seu encontro.
Porque Jesus Cristo se fez homem e habitou entre nós, podemos busca-Lo. Já não mais às apalpadelas, já não mais na penumbra do mundo, mas guiados pela fé no Filho de Deus. Não tardemos em buscar o Senhor, porque podemos encontra-Lo na sua Palavra; nos seus sacramentos; podemos encontra-Lo no próximo; podemos encontra-Lo na sua Igreja, na comunidade.
“Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado” (Mt 55,6). Se quisermos podemos encontrar o Senhor. Este apelo do profeta Isaías se faz muito atual. Uma vez que estamos num momento de grave esfriamento da fé, no qual não são poucos os que desistem de procurar o Senhor, optando por uma vida sem Deus, sem culto, sem religião, sem oração, sem comunidade, sem os sacramentos, sem o Evangelho. Quantos católicos de nome lotam os estádios de futebol, lotam os shoppings, as praias, as academias, os bares, mas há muito tempo não pisam os pés na igreja sob o pretexto do risco da pandemia. Procurando assim justificar sua falta de fé e sua inoperância em buscar o Senhor.
Quem busca a Jesus Cristo encontra-se a si mesmo. Porque sem referência a Deus não temos condições de compreender quem somos, por que vivemos, o que é o amor, qual o sentido da vida e da morte? Por outro lado, quem não procura o Senhor vai aos poucos se esvaziando de Deus por um lado e, por outro se enchendo de quinquilharias e se ocupando com banalidades, na tentativa de preencher o triste vazio de uma vida sem Deus.
“…invoca-o, enquanto ele está perto” (Is 55,6). Que nossa vida, nossas palavras, nossas ações sejam um constante invocar o nome de Deus. Daí a importância do testemunho da vida e da alegria do culto cristão, celebrado solenemente na liturgia. O culto cristão não é para a glorificação ou exaltação do homem, como muitas vezes tem se degenerado. Na liturgia o homem deve aparecer o mínimo possível para que se evidencie a glória de Deus.
Quando nos reunimos para a Eucaristia estamos buscando o Senhor, é Ele a quem queremos encontrar. Não vamos a igreja para assistir a uma performance do padre, dos músicos, dos leitores ou da assembleia. Vamos à celebração eucarística, à Divina liturgia, para buscar o Senhor, para invocar o Seu nome, para encontra-Lo, para adorá-Lo, para glorifica-Lo, para agradecê-Lo.
Uma das consequências belas e necessárias na vida dos que buscam e invocam o Senhor é a abertura de coração para ir de encontro ao ser humano, na sua fragilidade, nos seus sofrimentos, na sua pobreza, nas suas angústias, nas suas necessidades e aflições. Quem vive Jesus Cristo, à exemplo de São Paulo, vive para servir os irmãos, vive à serviço da difusão do evangelho nos corações humanos.
Que Jesus Cristo seja o nosso viver e que nosso viver seja para Jesus Cristo. Ele que nos chama, não nos deixará sem a justa recompensa no fim do dia, ao declinar da vida. Não importa se estamos entre os primeiros ou entre os últimos a serem chamados, mas que estejamos entre os operários do Senhor. Importa que pertencemos ao Senhor, que é Justo e generoso na doação dos seus bens eternos.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Is 55,6-9 / Sl 144 (145) / Fl 1,20c-24.27a
Evangelho: Mt 20,1-16a