Amada Família Diocesana,
“Cristo se fez obediente até a morte e morte de cruz” (Fil. 2,8).
Com imensa satisfação dirijo-me a todos os filhos e filhas desta nossa Amada Diocese de Formosa para desejar-lhes um frutuoso tempo quaresmal. Nossa caminhada para a Páscoa do Senhor deverá ser marcada, na prática, por esses eixos fundamentais da quaresma: a oração, a penitência, a esmola, a leitura da Palavra de Deus e a conversão.
Vivemos um tempo de superficialidade e barulho que ofusca a beleza quaresmal. Há uma dificuldade para a humanidade entender que Deus se fez homem para levar a salvação esta mesma humanidade decaída pelo pecado das origens. Por outro lado, o afastamento da humanidade de Deus possibilita o movimento contrário: o homem quer ser Deus, tornando-se a medida de todas as coisas e capaz de tudo. Assim, a criatura vira as costas ao Criador e quer assumir seu lugar.
Como cristãos desejosos de fazer a vontade de Deus, desejamos crescer na vivência da liturgia quaresmal, tão carregada de sentido e riquezas divinas. O universo celebrativo da quaresma fala por si só ao nosso coração. Um tempo favorável ao nosso crescimento na prática dos eixos fundamentais que a tradição da Igreja plasmou em nós.
A oração deve ser a marca preponderante na vida de todos nós, sacerdotes, religiosos e consagrados, lideranças, seminaristas e católicos de boa vontade. Orar com a liturgia de cada dia da quaresma no contexto familiar da nossa paróquia agrada a Deus. Exercitar piedosamente a caminhada da via sacra, internalizando em nós o vigor de Jesus ao enfrentar a dolorosa paixão nos configura ao Mistério que nos salvou. Orar insistentemente, inclusive pelos pecadores e pelos nossos amigos e familiares que estão afastados da casa de Deus, é uma obra urgente e benfazeja.
A penitência faz parte desse nosso itinerário espiritual em preparação à Páscoa. Há muito a ser vencido em nós. Nossa vontade interior, enfraquecida pela sanha do pecado, precisa ser acrisolada na brasa da penitência. Além do jejum e abstinência de carne exigidos pela Igreja na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão, podemos praticar a renúncia durante todo o ano. Pequenos sacrifícios espirituais no dia a dia nos fortalecem por dentro e nos ajudam no autodomínio de nós mesmos.
A esmola é um costume salutar antigo inerente no espírito cristão católico. O pobre, o necessitado, o que sofre, o aflito, nos interpelam a sairmos de nós mesmos em favor de suas necessidades. O Evangelista Mateus no cap. 25 nos indica as palavras de Jesus que nos instam às obras de misericórdia. Precisamos colocar a fé em ação.
A leitura da Palavra de Deus nos ajuda no processo de iluminação de nós mesmos. No Salmo 118,5 lemos que a Palavra de Deus é uma luz que brilha no nosso caminho. O amor à Sagrada Escritura é alimento para a nossa alma e de grande importância. Meditar a Palavra com mais intensidade neste tempo quaresmal é uma dádiva ao crescimento de nossa vida interior.
A conversão é um grande apelativo quaresmal ao nosso eu ferido e machucado pela ausência de Deus, e pelo nosso orgulho. Dar o coração a Deus é uma belíssima atitude de quem se coloca a caminho da eternidade com Ele. O processo nosso de conversão é diário. Deus nos quer nessa esteira de sermos todos d’Ele, desapegados deste mundo, de nós mesmos e de quem mais nos aprisiona na falsa afetividade.
Aproveitemos esse abençoado tempo para aperfeiçoarmos nossa piedade e mansidão, unindo nossa vida ao Cristo que se entregou por nós. Cresçamos na fé, também no apostolado quaresmal levando a mensagem do Senhorio de Jesus a tantas pessoas. Não fiquemos somente na experiência pessoal, saiamos de nós mesmos, dos nossos comodismos e levemos aos outros a salvação de Jesus.
“Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas” (Isaias 53, 4-5).