Dom Adair José Guimarães
Bispo de Formosa – Goiás
SIM À VIDA, NÃO À MORTE!
Mensagem ao Povo de Deus da Diocese de Formosa
Nota a favor da vida – Páscoa 2022
Amada Família Diocesana,
Feliz e Santa Páscoa!
Com alegria e esperança, dirijo-me aos sacerdotes, diáconos, religiosos, lideranças leigas, seminaristas e membros do Povo de Deus, para desejar a todos os melhores votos de uma santa celebração do Mistério da Ressurreição do Senhor, a vitória da vida sobre a morte.
Que todos vivam este momento de luz e grande esperança, unidos às suas comunidades e em profunda comunhão com os que sofrem e necessitam de nossa solidariedade, especialmente as vítimas da guerra, da fome e da peste. A Páscoa de Jesus nos alenta e inspira a vivermos as promessas de Deus em nossas vidas e de nossas comunidades.
Páscoa é vida e esperança de eternidade. Vislumbra-se, neste momento de nossa história, uma retomada da promoção da lógica da morte, através do incentivo e promoção da prática do aborto com amparo jurídico em diversos lugares do mundo, bem como nos discursos de lideranças políticas influentes.
Como pastor do Povo de Deus, na condição de Bispo da Diocese de Formosa, vivendo as celebrações que nos levarão ao Mistério da Páscoa do Senhor, recomendo ao clero, religiosos, catequistas, lideranças, cristãos e pessoas comprometidas com a ética e a moral, bem como àqueles que nos seguem pelas mídias sociais, para que estejam atentos a esta lastimável situação e mantenham-se na firme defesa e promoção da vida humana como dom de Deus, contra o qual nenhum poder humano pode atentar-se.
Recentemente a Corte Colombiana aprovou o aborto até a 24ª. semana de gestação – ato abominoso que merece o rechaço de todos nós. Nestes dias ouvimos pelas mídias sociais e setores da imprensa, a defesa do aborto como uma exigência sanitária.
Não podemos nos calar diante da promoção do aborto e a sua institucionalização pelo Estado e a legalização de uma conduta criminosa, a extirpação de um direito natural que se encontra acima do próprio Estado. Não cabe ao homem e, tampouco, ao ente político, definir quais vidas devem ser eliminadas como não cabem aos mesmos a criação de quaisquer vidas.
No Brasil estamos vivendo o risco de acontecer o mesmo que acabamos de assistir na Colômbia, dado que um partido abortista já provocou a Suprema Corte com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n. 442, buscando a descriminalização do aborto pela via judicial, visto que o tema não passa na Câmara Federal.
A defesa da vida desde sua concepção até seu declínio natural extrapola a questão religiosa. O direito à vida tem por fundamento a lei natural, e não a lei humana, que rege os acordos e contratos sociais, sendo que o direito natural é a ideia universal de justiça, é um conjunto de normas que já nascem incorporados ao homem, independente de existência de crenças ou religião.
A bandeira levantada em favor da legalização do aborto não se ancora na objetividade lógica da compreensão do direito da pessoa humana, mas numa visão subjetivista de quem teve o direito de nascer.
O Papa Francisco, a respeito do aborto, foi enfático: “Sobre o aborto, sou muito claro: trata-se de um homicídio, e não é lícito tornar-se cúmplice. Nosso dever é estarmos próximos das mulheres para que não se chegue a pensar na solução abortiva — que, na verdade, não é uma solução” (Sala Paulo VI, 14/10/2021).
O direito a vida é inviolável, ninguém pode atrever-se de violá-lo. Deus é o Senhor da vida e não temos o direito de assumir seu lugar e criar uma legislação que descarta a pessoa humana indefesa no seio materno, vilipendiando o direito do nascituro e degradando o dom da maternidade tão caro às mulheres.
A revolução cultural materialista em curso, ao longo das últimas décadas, favoreceu a disseminação de uma falsa compreensão da pessoa humana como um todo, relativizando a consciência moral e desumanizando o ser humano. Essa revolução tenta favorecer a compreensão de que o brado contra o aborto se trata de uma visão apenas religiosa, prescindindo o debate da sã filosofia e da própria lógica, tentando criar uma espiral do silêncio quanto a este assunto.
Estejamos atentos às tentativas desses grupos de impor a todo custo não só a “cultura da morte”, que é sua bandeira, mas a prática da matança dos inocentes ainda no ventre materno. Unamos nossas forças à de tantos grupos e seguimentos, religiosos ou não, que se erguem como “pró-vidas”. Estejam, ainda, atentos a candidatos na política que defendam a legalização do aborto, pois, não podemos ter como representantes aqueles que promovem, nos discursos, o assassinato de inocentes como questão de saúde pública. Se se tratar de eleitor cristão, a gravidade do pecado, no ato de escolher um candidato que defende o aborto, é ainda mais grave.
“O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. Amorosamente acolhido cada dia pela Igreja, há de ser fiel e corajosamente anunciado como boa nova aos homens de todos os tempos e culturas” (Evangelium Vitae, no. 01, João Paulo II)
Na aurora da salvação, é proclamado como feliz notícia o nascimento de um menino: “Anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, Senhor” (Lc 2,10-11). O motivo imediato que faz irradiar esta « grande alegria » é, sem dúvida, o nascimento do Salvador; mas, no Natal, manifesta-se também o sentido pleno de todo o nascimento humano, pelo que a alegria messiânica se revela fundamento e plenitude da alegria por cada criança que nasce. (cf. Jo 16,21).
Ao apresentar o núcleo central da sua missão redentora, Jesus diz: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Ele fala daquela vida « nova » e « eterna » que consiste na comunhão com o Pai, à qual todo o homem é gratuitamente chamado no Filho, por obra do Espírito Santificador. Mas é precisamente em tal « vida » que todos os aspectos e momentos da vida do homem adquirem pleno significado” (Idem, no. 01).
A consciência da inviolabilidade da vida humana representada no direito do nascituro à vida, seja nossa motivação para ajudar a promover a “cultura da vida”, o dom da maternidade e a proteção dos pequeninos de Deus. A celebração pascal deve nos motivar à promoção da “cultura da vida”, através do nosso empenho evangelizador e missionário em nossas comunidades.
“Como povo peregrino, povo da vida e pela vida, enquanto caminhamos confiantes para « um novo céu e uma nova terra » (Ap 21, 1), voltamos o olhar para Aquela que é para nós « sinal de esperança segura e consolação »” (Idem no. 105), a Imaculada Conceição, Mãe do Verbo Eterno, que intercede pela nossa missão. Feliz e Santa Páscoa! O Ressuscitado vive entre nós!
Dom Adair José Guimarães
Bispo da Diocese de Formosa-GO