Terça-feira da 4ª Semana da Quaresma
Evangelho – João 5,1-16
O ser humano é grande e frágil, vive em meio às trevas, mas tem luz, é bom, mas pode cometer maldades. Essa é a história humana: cheia de contrariedades. Nem tudo é como desejamos. Nossa vontade nem sempre pode se cumprir. É preciso deixar a Palavra de Cristo guiar nossas existências temporais para a eternidade.
Contudo, para isso, o ser humano, que traz dentro de si uma profundidade espiritual, que nem ele mesmo consegue adentrar, precisa avançar para águas mais profundas. Sair da superficialidade de um mundo que vive a vida como se não pudesse morrer, para a profundidade de quem vive sabendo que um dia vai morrer e, por isso, vive como se a morte não existisse.
Por isso o profeta Ezequiel, guiado não pelas próprias forças, avança para águas cada vez mais profundas: pés, tornozelos, joelhos, cintura, tudo vai ficando submerso na profundidade das águas. Esta é a experiência daqueles que vão mergulhando na Palavra de Deus e pouco a pouco vão se lavando de tal modo nas águas do senhor que ficam irreconhecíveis. É a água que deixa as árvores verdes, produz alimentos, traz vida. A Palavra de Deus faz de nós verdadeiros católicos, produz frutos do espírito em nós, nos dá vida em abundância.
No Evangelho é essa Palavra, mesma da primeira leitura, que faz o paralítico andar. Ele esperava que outro ser humano o empurrasse para a piscina de Bestesda. Na verdade, o que faltava era a fé. Jesus faz uma daquelas perguntas que me deixa inicialmente irritado: “Queres ficar curado?”. O homem é paralítico, depende em tudo, está sozinho, e Jesus faz uma pergunta dessas? Sim, ele precisa que queiramos ser curados, libertos. O homem acredita e recebe a cura. Não sejamos como os fariseus que se apoiaram na Lei para criticar Jesus, mas nos apoiemos nela para que sejamos curados, transformados, renovados.
Nossa senhora interceda por nós para que ouvindo esta Palavra nos confiemos em Deus, como diz o Salmo: “Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó”. Sejam quais forem as provações, problemas, doenças, angústias, incertezas, o silêncio de Deus sempre pode nos falar algo que nossos ouvidos não conseguem escutar.
Padre Kennedy dos Santos Ferreira
Pároco da Paróquia Santa Luzia
Formosa-GO
Leituras: Ez 47,1-9.12 / Sl 45 (46)
Evangelho: Jo 5,1-16