Sexta-feira da Oitava de Natal
Evangelho – João 20,2-8

O VER E O ACREDITAR DE SÃO JOÃO, APÓSTOLO E EVANGELISTA

O discípulo que Jesus amava entrou no túmulo vazio de Cristo, com isso “Ele viu, e acreditou” ( Jo 20,28). São duas realidades diferentes, mas que nos ensinam muito a partir da vida de São João Evangelista: ver e acreditar. Vejamos quem foi este Evangelista para que possamos acreditar naquela, o qual ele reclinou a cabeça. Na introdução do Ofício das Leituras na Liturgia das Horas temos um resumo da história deste grande Evangelista.

João era discípulo de Jesus, aquele que Jesus amava e que esteve com ele até a morte na cruz. Era o mais jovem dos apóstolos, pescador e a tradição delega a ele o texto do quarto evangelho, algumas cartas e o livro do Apocalipse.

Apesar do temperamento contemplativo, participou de todos momentos da vida de Jesus, inclusive daqueles momentos mais importantes como a ressurreição da filha de Jairo, a transfiguração e a aflição no Monte das Oliveiras. João esteve na última ceia e aos pés da cruz. Nos Atos dos Apóstolos, ele aparece sempre com São Pedro.

Após Pentecostes João ficou pregando em Jerusalém. Participou do Concílio de Jerusalém, depois com Pedro se transferiu para a Samaria. Mas logo foi viver em Éfeso, para onde teria levado também a mãe de Jesus. Nesta cidade organizou comunidades e foi perseguido.

João morreu e foi sepultado em Éfeso. Tinha aproximadamente noventa anos de idade, após muito sofrimento por todas as perseguições que sofreu durante sua vida por pregar a Palavra de Deus.

No Hino da Liturgia das Horas São João Evangelista é saudado do seguinte modo:

“Virginal protetor da Mãe Virgem,
mensageiro do Verbo, que adoras,
ó São João, ouve a voz dos teus servos,
lava a culpa do povo que implora.

Vês a fonte jorrando água pura
e desejas a sede do mundo
saciar com a água da vida
que brotou do seu peito fecundo.

Tu, que brilhas em todo o universo,
vem trazer o perdão para os réus;
vem mostrar-nos o grande mistério
que ao princípio já estava com Deus.

Contemplando do Verbo os segredos,
testemunhas a graça primeira.
Vem, bom guia, e conduz teus irmãos
a fruir desta luz verdadeira.

Honra ao Verbo, nascido do Pai,
que Maria na terra gerou.
E, com ele, a Deus Pai e ao Espírito
honra eterna, perene louvor”.

Nas Salmodias do Salmo 18 A(19) na primeira antífona temos: “João deu testemunho do que viu, testemunho de Jesus, Verbo de Deus”; a Antífona segunda do Salmo 63(64) nos recorda: “É este o discípulo amado de Jesus” e a última antífona do Salmo 98(99) nos chama a atenção pelo amor que o Evangelista tinha por Jesus: “João, na última ceia, reclinou sua cabeça sobre o peito do Senhor: Quão feliz é este apóstolo, a quem foram revelados os mistérios celestes!”. Deste modo, a conclusão da Salmodia não poderia ser diferente: “Eles contaram as grandezas do Senhor e seu poder, e as suas maravilhas que por nós realizou”.

Na primeira leitura do Ofício das Leituras retirado da primeira carta de São João 1,1–2,3 temos o título “A Palavra da Vida e a luz de Deus” onde podemos ler: “O que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida, 2 – de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós – 3 isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo”.

No Responsório rezamos com São João – 1Jo 1,2.4; Jo 20,31: “Anunciamos a vida eterna, que estava junto do Pai e em nosso meio apareceu: estas coisas vos escrevemos para que em vós esteja a alegria. E seja plena a vossa alegria. Estes sinais foram escritos, para que vós creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; e, crendo, tenhais a vida em seu nome”.

Santo Agostinho nos ensina: “A Palavra que se fez carne para ser tocada com as mãos, começou a ser carne no seio da Virgem Maria; mas não foi então que a Palavra começou a existir porque, diz João, ela era desde o princípio. Vede como sua Carta é confirmada pelas palavras do seu Evangelho, que acabais de escutar: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus (Jo 1,1) (Dos Tratados sobre a Primeira Carta de São João, de Santo Agostinho, bispo. Tract. 1,1.3: PL 35, 1978.1980 – Séc. V).

Em síntese, depois de ver e acreditar como fez São João Evangelista podemos rezar ao Pai esta oração e concluir nossa reflexão com o Ofício das Leituras deste dia: “Ó Deus, que pelo apóstolo São João nos revelastes os mistérios do vosso Filho, tornai-nos capazes de conhecer e amar o que ele nos ensinou de modo incomparável. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. Amém. “Bendigamos ao Senhor. Demos graças a Deus”.

Pe. Joacir S. d’Abadia
Pároco da Paróquia São José