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sexta-feira, 19 abril, 2024 - 03:26 AM

Festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José

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Nascemos numa família, pertencemos a uma família, porque é na comunhão com os outros e com o Outro que nos fazemos humanos

A família é Sagrada porque antes existiu e existe uma Sagrada Família, Jesus, Maria e José. Porque a família é um reflexo, embora imperfeito, daquela comunhão que há em Deus. Quando falamos de família tocamos num dado fundamental que é próprio de Deus e do homem: a comunhão. Deus é comunhão, o homem, Sua criatura, desde a sua concepção é também chamado a viver em comunhão. Nascemos numa família, pertencemos a uma família, porque é na comunhão com os outros e com o Outro que nos fazemos humanos.

Por ser uma realidade sagrada, fundamental para a constituição do humano na sua plenitude, se entende porque a família é abertamente atacada pela cultura dominante dos nossos tempos. Que não se contenta somente em propor modelos aberrantes de ‘família’, inclusive negando a base biológica básica de maternidade e paternidade, de homem e mulher, como ao mesmo tempo se levanta com violência contra a família constituída com base na união entre um só homem e uma só mulher abertos ao dom dos filhos. A melhor maneira de contrapor-se a esta cultura pagã que destrói a família é dar tudo de si para viver com intensidade a parte que nos cabe na família: seja como pai, mãe, esposo, esposa, filhos.

Na Sagrada Família de Nazaré, temos um consistente exemplo de paternidade, em São José, a quem as Sagradas Escrituras denomina como “homem justo”. O homem do lar, o pai, o esposo cristão não pode se compreender apenas como um provedor material da família. Ele é aquele que cuida, que corrige, que dá afeto, que protege, que dá carinho, atenção, amor, que é sustentáculo na hora da dificuldade, que orienta sua família para Deus como um pastor de sua pequena ‘igreja doméstica’.

Na Sagrada Família de Nazaré encontramos a mais bela e misteriosa experiência de maternidade de toda a história, pois Maria concebeu pela ação do Espírito Santo (cf. Mt 1, 18). A maternidade de Maria é marcada pela centralidade de Deus a quem ela aderiu com fé irrestrita e total obediência. O lar que conta com uma mulher, uma esposa, uma mãe que reza, que está atenta aos sinais de Deus, que sabe guardar os grandes mistérios da vida no coração, a vida da sua família é fecunda e aberta a ação do Espírito Santo. Se no lar o homem é o esteio de fortaleza, a mulher é um esteio de espiritualidade, de oração e de ternura.

Os lares mais fortes, mais sóbrios, mais simples, mais acolhedores, mais caridosos, de vida cristã mais intensa, são aqueles que contam com uma mulher, uma mãe, uma esposa que ora, que intercede, que é aberta as monções do Espírito Santo, que confia em Deus.

Na Sagrada Família de Nazaré encontramos também o perfeito exemplo de filiação: “Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus Crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 51s). Que nos lares cristãos os pais cuidem para que seus filhos possam crescer em estatura moral, espiritual, humana e intelectual. Que os pais gastem tempo com seus filhos, procure transmitir-lhes a fé, sobretudo com o testemunho, mas também com o anúncio.

Não existe catequese mais potente para os filhos como quando eles veem que seus pais rezam juntos, dialogam, se perdoam, se respeitam. Também quando os pais se confessam, comungam dão aos seus filhos uma bela catequese sobre os sacramentos. Que os filhos tenham a humildade de consultar seus pais para discernir suas inquietações, para dissipar suas dúvidas, para tomar suas decisões. Que os pais tenham sabedoria na hora de aconselhar seus filhos, que os respeitem e ajudem no discernimento da sua vocação, seja ela ao matrimônio, à vida religiosa, ao sacerdócio. Quantas santas vocações se perdem porque na família não se reza, não se dialoga, não se dá testemunho.

O grande diferencial da Sagrada Família de Nazaré que deve ser também o diferencial das famílias cristãs, é a centralidade de Deus. Uma centralidade de Deus que se faça sentir de modo concreto no quotidiano da família, com símbolos sagrados em casa, com a vida diária de oração, com a Eucaristia dominical, com a confissão frequente, com a direção espiritual, com a meditação da Palavra de Deus. Nas últimas décadas Deus foi sendo como que excluído da vida de muitas famílias, para dar lugar a TV, ao entretenimento desenfreado, ao churrasco e à chácara do fim de semana. É comum crianças da primeira eucaristia dizerem aos padres: “Eu não venho à missa aos domingos porque sempre vou com meus pais para a fazenda”. É o culto de Deus substituído pelo culto das coisas e da criatura, pelo futebol, pelo entretenimento virtual.

Por fim, uma família sem Deus é uma família estéril, desértica, que não tem horizontes de vida eterna. É preciso retomar a consciência que constituir uma família antes de ser um projeto humano é um projeto divino. Cujos membros estão unidos entre si não por interesses mesquinhos, mas por amor.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a / Sl 127 (128) / Cl 3,12-21
Evangelho: Mt 2,13-15.19-23

Reginaldo Mendonça
Reginaldo Mendonçahttps://diocesedeformosa.com.br/
Criada em 16 de outubro de 1979, é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no Brasil, sufragânea da Arquidiocese de Brasília. Pertence à província eclesiástica de Brasília e ao Regional Centro-Oeste da CNBB.

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