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sexta-feira, 19 abril, 2024 - 02:30 AM

I Domingo do Advento

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“E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos”

Caríssimos irmãos e irmãs, com a celebração de hoje se inicia um tempo litúrgico oportuno para o exercício mais intenso da Esperança na vinda gloriosa do Senhor – o tempo do advento. O Senhor veio uma primeira vez na humildade da nossa humanidade, revestido de amor, para nos abrir um caminho de salvação. Mas ao subir ao céu nos deixou a promessa do seu retorno glorioso para levar à plenitude as suas promessas.

Este tempo é propício para meditar três verdades de fé muito importantes acerca de Jesus Cristo. Primeiro: Ele é Aquele que veio: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14). Segundo: Ele está conosco nos seus sacramentos, na sua palavra, na pessoa do próximo, na Igreja, como Ele prometeu: “E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20). Por último, Ele é aquele que virá em sua glória, essa é nossa esperança: “E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo com as nuvens do céu” (Mc 14, 62).

A certeza da sua vinda gloriosa como Juiz universal, requer de nós uma vigilância ativa vivida na caridade. A fim de saber acolhê-Lo nos seus sacramentos, na sua palavra, na comunidade, na Igreja, nos irmãos, sobretudo naqueles que precisam de uma mão estendida. Agindo assim não temos razão alguma para temer a sua vinda.

Aquele que veio e que virá espera da nossa parte uma acolhida, que passa pela a experiência da fé. Entre tantos pecados graves que assolam o mundo há um que assusta, que é causa de tantos outros, a exclusão de Jesus Cristo da própria vida. Que tem deixado na alma de muitos um vazio existencial insuportável. Porque fora Dele não há nada que possa preencher nossa vida de sentido.

O tempo do advento está aí para nos incentivar a acolher Jesus Cristo, acolher sua graça, sua salvação, seu amor. Há muitos que não o rejeitam formalmente, mas o fazem por uma vida de pecado, marcada por desonestidade, glutonerias, bebedeiras, orgias sexuais, imoralidades, brigas e rivalidades (cf. Rm 13, 13). Insistir numa vida de pecado é também rejeitar Jesus Cristo, mesmo que a pessoa não o faça por palavras ou por algum rito formal.

Outros até levam uma vida ‘virtuosa’, pautada nos bons costumes, fundada em sólidos valores humanos. Porém, fechados ao mistério da graça, fiados na sua própria justiça, se consideram tão virtuosos que se acham no direito de excluir Deus, seu culto, seu louvor, de suas vidas. A exemplo do que encontramos no evangelho de hoje que faz uma referência ao tempo de Noé, no qual as pessoas aparentemente não faziam nada de mal, “todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento…” (Mt 24, 38).

Que problema há nisso? Nenhum! No entanto, faziam tudo isso como se Deus não existisse, como muitos o fazem também em nossos dias: trabalham, divertem-se, comem e bebem, casam-se e se dão em casamento, até realizam filantropia. Porém, dentro de um mundo fechado para Deus, nos seus afazeres não há lugar para o culto, para a adoração, para o louvor, para a ação de graças. Então sobreveio o dilúvio. Quantos são apanhados pela morte, por uma enfermidade grave, quando se encontram num momento de total bonança, porém com uma vida espiritual pobre e vazia. Porque soube acolher tudo, ser diligente com tudo, menos em acolher o Senhor em sua vida.

O tempo do advento nos convoca a escancarar as portas da nossa vida para que o Senhor possa entrar. Pois, se queremos que Ele nos acolha na outra vida, nesta somos nós quem devemos acolhê-Lo. Ouçamos a advertência que o Senhor mesmo nos faz: “Portanto, ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor… Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24, 42. 44). Quem acolhe Jesus Cristo pela fé, não teme a vinda Daquele que, sacramentalmente, já está presente em sua vida. Jesus Cristo não é um desconhecido para aqueles que já O acolheram pela fé. É próprio de quem espera um conhecido se alegrar com sua chegada.

O Senhor virá, esta promessa não deve suscitar o medo, antes nos impulsiona na esperança, na caridade, na fé, na vigilância. Este mundo um dia será radicalmente transformado, suas estruturas serão abaladas, para que possa emergir o mundo novo fundado na graça e no amor de Deus. Quem acolhe Jesus Cristo já agora na humildade dos seus sacramentos, na pessoa do próximo, na sua palavra, na sua Igreja, não precisa temer sua vinda gloriosa. Maranathá! Vem Senhor Jesus!

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Is 2, 1-5 / Sl 121 (122) / Rm 13, 13, 11-14a
Evangelho: Mt 24, 37-44

Reginaldo Mendonça
Reginaldo Mendonçahttps://diocesedeformosa.com.br/
Criada em 16 de outubro de 1979, é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no Brasil, sufragânea da Arquidiocese de Brasília. Pertence à província eclesiástica de Brasília e ao Regional Centro-Oeste da CNBB.

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