“Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus” (Lc 1, 30)
A Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, que hoje celebramos, nos recorda que não pode ser desprezada pelos homens aquela que encontrou graça diante de Deus. Não pode ser desprezada pela criatura aquela que foi escolhida pelo Criador. Assim, o desprezo para com Maria é uma estupidez, originada da ignorância em relação a obra maravilhosa que Deus realizou em Maria, fazendo dela a “Cheia de graça”, porque é toda cheia de Jesus Cristo.
A Virgem Maria é a mãe que o Pai preparou, desde toda a eternidade, para o seu Filho Jesus Cristo. Para ser também nossa mãe, mãe da Igreja, mãe daqueles que reconhecem que Deus fez grandes coisas em favor Dela, e por Ela fez também grandes coisas em nosso favor. Maria é uma obra magnifica de Deus para o mundo, para aqueles que são e haverão de ser seus filhos adotivos.
Na sua santidade, morada do Verbo encarnado, Maria é modelo da Igreja, como aquela que gestou Jesus Cristo para o mundo. Maria gestou Jesus Cristo para o mundo no seu ventre. A Igreja gera Cristo para o mundo na pregação, nos sacramentos e, sobretudo, na Eucaristia. Maria é para a Igreja modelo de obediência, de escuta, de entrega e de serviço à vontade de Deus. A Igreja, nos seus pastores e nos seus fiéis, precisa repetir sempre, em uníssono com Maria, “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 38).
Puríssima deveria ser aquela que acolheu no seu ventre materno o Cordeiro sem mancha – Jesus Cristo. Nela habita plenitude da graça, porque a plenitude da Graça é Jesus Cristo. Maria é pura porque seu coração é inteiramente voltado para Deus, criatura alguma foi capaz de desviá-la do seu Senhor, em momento algum da sua existência. Por isso, o demônio a odeia tanto, porque sobre ela suas seduções enganosas jamais surtiram qualquer efeito. A pureza de Maria brota da centralidade de Deus no seu coração.
Ela foi escolhida entre todas as mulheres para ser mãe de Jesus Cristo, mãe do Filho de Deus, Mãe de Deus. Portanto, Maria é modelo ímpar de santidade para toda a Igreja, em nenhuma outra criatura a graça de Deus habitou com a abundância que habitou em Maria. Quanto maior a graça maior a santidade, ninguém nunca aproximou tanto da santidade de Deus como Maria. Por isso, ela é modelo de santidade para toda a Igreja, para todos os fiéis, para o mundo.
Aqui vale reclamar a atenção de todas as mulheres católicas, crianças, jovens, adultas, idosas, casadas, solteiras e viúvas. Olhem para a Virgem Maria! Para, a partir dela, redescobrir a sua dignidade de mulher, fonte da vida, exemplo de entrega a Deus, de pureza de alma e de coração. Aprendam de Maria a decência no vestir, no falar, o pudor, a simplicidade e a pureza de coração, a coragem de Maria, sua fidelidade à vontade de Deus. Sua fortaleza ao estar ali aos pés da cruz do seu Filho até os últimos momentos. Mulheres católicas se deixem formar por Maria!
Por fim, “Maria é a toda santa, isenta de toda mancha de pecado, pelo Espírito Santo como que plasmada e feita nova criatura” (cf. LG 56). Porque onde prevalece a plenitude da graça não há espaço para o pecado. Maria encontrou graça diante de Deus, porque, pela fé, se abriu a graça de Cristo, Ele é a graça de Deus que habita nela. Maria é a cheia de graça porque é toda cheia de Jesus Cristo.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Gn 3, 9-15.2 / Sl 97 (98) /Ef 1, 3-6.11-12
Evangelho: Lc 1, 26-38