Ao falar dos termos da transição da crítica da religião para a sociologia da religião, deve-se considerar que houve um abandono da crítica da religião, e a própria forma de ver a religião como parte essencial da cultura, que proporcionou o nascimento do homem de cultura no seio da sociedade. O homem pode viver em sociedade porque é capaz de elaborar símbolos, e sem esta capacidade simbólica ele não expressaria a sua religiosidade ou espiritualidade (capacidade de dar sentido). Portanto, a cultura, universo de sinais e símbolos, é um sistema aberto, que possibilita ao homem compreender outras culturas.

O homem, ao elaborar símbolos, mostra sua capacidade de criar seu próprio trabalho. Mediante essa possibilidade de elaborar símbolos, ele pode expressar a sua religiosidade ou espiritualidade, com isso, surge a necessidade de dar sentido a sua própria vida.

“A capacidade de contemplar uma obra de arte e se emocionar até às lágrimas, somente o ser humano é capaz de fazer. Isso demonstra que, além da matéria, ele é também espiritual, porque este sentimento não brota da matéria, mas do espírito que o anima. Logo, cuidar do corpo, sem descuidar da alma, mostra que a religião é ontologicamente necessária, é insubstituível. Somente uma visão materialista e parcial do ser humano nega essa verdade” (Delintro Belo de Almeida Filho).

Diante disso, pode-se perguntar: como surge essa necessidade de dar sentido? Observa-se que surge do desejo e da frustração. Porque quando o homem consegue conciliar desejo e frustração, aí sim, ele começa a dar sentido a sua própria vida.

Por outro lado, tem a cultura na qual o homem está inserido e que se apresenta a ele como um sistema aberto, dando-lhe possibilidade de conhecer e compreender diversas outras culturas. Isso acontece porque o homem é maleável à socialização (capacidade de viver em comunidade).

A cultura nasce da individualidade de cada homem e se manifesta objetiva e subjetivamente. Ela manifesta objetivamente porque é uma criação humana de símbolos que independe de todos os seres humanos, um exemplo desta manifestação é a própria linguagem, pois é a primeira coisa que se manifesta de forma objetiva na cultura em que conhecemos. A individualidade faz parte da cultura pois é um fenômeno que se manifesta subjetivamente nos conteúdos particulares da mente. Todavia, segundo Delintro de Almeida, “A rigor, a cultura é um patrimônio coletivo e deve ser fruída coletivamente, sem apropriação particular”.

Diante disso, percebe-se que a cultura é uma manifestação simbólica do homem. Nesta manifestação do homem também se encontra a Religião. Assim, a Religião é Essencial pois é um elemento constitutivo da cultura de um determinado povo. Sem a cultura o homem, animal simbólico, não teria construído civilizações e também não teria surgido a filosofia, a moral, a ética, a religião e etc. É na capacidade simbólica que o homem encontra os meios disponíveis para a transformação da realidade na qual está inserido; sem tal capacidade o homem não teria alcançado tão grande desenvolvimento que presenciamos hoje, sendo um deles, por exemplo, a capacidade de prestar culto a uma divindade, confiando à entidade a capacidade de se religar ao Sagrado.

Padre Joacir d’Abadia
Pároco da Paróquia São José Operário
Formosa-GO