A necessidade de uma sadia Apologética católica

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A necessidade de uma sadia apologética católica funda-se no fato da verdade do cristianismo, verdade esta que precisa ser exposta e testemunhada com clareza como a esperança daqueles que creem no Senhor Jesus. É nesta linha que São Pedro nos exorta: “antes, santificai a Cristo, o Senhor, em vossos corações, estando sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede” (IPd 3, 15). Sabemos da necessidade do diálogo, mas este não anula nem substitui o dever do anúncio.

É fundado neste dever de dar ao mundo a razão da sua esperança, que as Diretrizes para a formação sacerdotal, fazendo referência ao Vaticano II, recomenda manutenção desta disciplina, sobretudo para aqueles que estão se preparando para o sacerdócio ministerial:

 

“Também não se omita a disciplina – anteriormente chamada Apologética – com o objetivo de preparar para a fé e para uma fundamentação racional e vital da mesma. Seja ministrada em espírito ecumênico e de maneira adaptada às circunstâncias atuais, levando também, em conta elementos de ordem sociológica que tem maior influência na vida cristã (cf. GS 62; AG 22)”[1]

 

Seguindo esta indicação é preciso, sobretudo, formar para uma apologética do testemunho, mas que também chegue ao nível da capacidade da exposição racional, fundada e clara da fé, seja diante dos que creem, mas ainda não conhecem o suficiente; seja diante dos que não creem, seja diante dos contraditores ou inimigos da fé. No que diz respeito a estes últimos, há muitos que não se contentam apenas em não aceitar a fé, mas que trabalham diuturnamente para destruí-la, para lança-la em descredito. Estes contam com um poderoso exército em nosso tempo.

Diante de um contexto cultural marcado pela pluralidade, pela difusão de tantas mentiras e meias verdades é preciso fazer resplandecer a clareza e a solidez da fé cristã, como a única verdade credível que leva o homem integral a sério. Desenvolver uma sã apologética neste contexto é um autêntico testemunho de amor a Nosso Senhor e ao homem, uma verdadeira obra de libertação do ser humano[2].

Apologética não se trata de impor a fé católica aqueles que não querem, antes trata-se do empenho sincero em viver o que se crer e expor com clareza as verdades da fé, o despositum fidei. Lembrando sempre que a exposição da fé somente é credível quando precedida e sustentada pelo testemunho.

Na Ev. Gaudium, o Papa Francisco, também faz referência a uma necessária e original apologética: “É o encontro entre a fé, a razão e as ciências, que visa desenvolver um novo discurso sobre a credibilidade, uma apologética original que ajude a criar as predisposições para que o Evangelho seja escutado por todos” (Ev. Gaudium, 132). Aqui o Papa Francisco propõe uma apologética que passa pela reconstrução da credibilidade do Evangelho, afim de que Ele seja escutado e acolhido.

A credibilidade do Evangelho funda-se na credibilidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas a reconstrução da sua credibilidade passa também pela credibilidade do testemunho dos discípulos de Jesus. Portanto, o movimento fundamental da apologética, da sua retomada passa pela conversão dos que creem, dos que ousam anunciar Nosso Senhor com o Testemunho da própria vida.

[1] CNBB, Diretrizes Básicas da Formação Sacerdotal, Brasília, 1971.
[2] Cf. R. SARAH, A serviço da verdade: Sacerdócio e vida ascética, Fons Sapientiae: São Paulo, 2022, p.66.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF