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sábado, 11 maio, 2024 - 04:51 AM

XXIX Domingo do Tempo Comum

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“E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos…?” (Lc 18, 7)

Todos carregamos no mais íntimo de nós certa sede de justiça, sobretudo quando nos vemos acossados pelo mal de todos os lados, ou mesmo quando percebemos que também somos capazes de cometer injustiças, em nossos juízos, palavras e ações. Não é difícil perceber, diante desta ambiguidade, que somente Deus é a justiça, enquanto que nós somos justiça e injustiça.

Sendo somente Deus a justiça é Dele e Nele que devemos esperar o socorro, seja nas injustiças que sofremos, seja o perdão pelas injustiças e pecados que praticamos. Como nos questiona o evangelho de hoje: “E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele?” (Lc 18, 7). Este texto reafirma a famosa frase que encontramos no filme “O Conde de Monte Cristo”: “Deus me fará justiça”, gravada nas rochas da cela por Danté, que se encontrava injustamente preso naquela masmorra.

É certo que, diante de Deus, nenhum de nós somos inocentes, porque somos todos pecadores. De modo que todos necessitamos da justiça divina, todos devemos esperar e suplicar a manifestação desta justiça. Isto o fazemos cada vez que rezamos em comunhão com a Igreja, na Profissão de fé: “Creio no Senhor que há de vir para julgar os vivos e os mortos” (cf. IITm 4, 1).

O que distingue os homens que esperam na justiça divina daqueles que confiam em sua própria justiça é que aqueles que confiam na justiça divina são orantes, tem vida de oração. À exemplo da viúva do evangelho que suplicava justiça à porta do juiz em tempo oportuno e inoportuno.

Neste sentido a oração cristã, seja ela pessoal ou comunitária, é exercício da esperança na justiça de Deus (cf. Spe Salvi, n. 32 – 24). Esta justiça nos a conhecemos, ela tem um rosto, Cristo crucificado por nossa salvação. Assim, a justiça, na qual confiamos, é Deus que nos ama e salva sem merecimento algum da nossa parte. Como nos diz São Paulo: “Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores” (Rm 5, 8).

Sendo a justiça de Deus dom, gratuidade, graça, salvação, misericórdia, justificação, somos justos quando aderimos a Ele pela fé. Somos justos quando nos abandonamos com confiança a Nosso Senhor, à sua vontade, às suas promessas. Daí o sentido da pergunta: “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18, 8). Isto é o mesmo que perguntar: “Será que quando Nosso Senhor vier ainda encontrará, quem confia e espera a realização das suas promessas? Será que ainda encontrará quem viva na obediência a sua Palavra, ao seu evangelho?”

Pois, se pela oração exercitamos a esperança na justiça divina, na adesão à Palavra de Deus, nos formamos para viver segundo esta justiça. Porque “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra” (IITm 3, 16-17).

Por fim, resta nos dizer, Deus não somente fará justiça a seus escolhidos, Ele já realizou esta justiça, já a manifestou ao mundo no sacrifício redentor de Seu Filho Jesus Cristo pela nossa salvação. Cristo é nossa justiça, Nele esperamos, Nele vivemos, Nele confiamos. Por maior que seja o mal presente em nós e no mundo, quem triunfa e haverá de triunfar para sempre é o amor de Deus e aqueles que se deixam convencer por tão grande amor.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Ex 17, 8-13/Sl 120 (121)/IITm 3, 14-4, 2
Evangelho: Lc 18, 1-8

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