XXX Domingo do Tempo Comum

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A oração requer a exaltação de Deus e o reconhecimento da pequenez por parte do homem

Como bem sabemos Nosso Senhor Jesus Cristo tinha uma vida constante de oração, mesmo nos momentos mais dolorosos de sua peregrinação por este mundo. Inclusive na hora da sua morte Ele rezou: “Pai em tuas mãos eu entrego meu espírito”. Ademais Nosso Senhor também ensinou os seus discípulos a rezar.

Daí que não podemos falar de vida cristã, de fidelidade a Nosso Senhor sem vida constante de oração. É absolutamente incompreensível alguém que carrega o nome de cristão, de católico que não tenha vida de oração. Rezar é o aprendizado de uma vida toda, pois sempre temos que aperfeiçoar e consolidar a nossa oração, porque também ela está sujeita a desvios.

O primeiro e mais grave desvio diante da oração é de quem não reza, não tem vida de oração. Esta é a postura própria dos incrédulos, dos indiferentes, dos soberbos, que confiam somente em si mesmos ou nos poderes inconstantes e frágeis deste mundo.

Outro desvio grave diante da oração é a daqueles que confiam na sua própria justiça. Estes normalmente rezam, mas rezam mal, porque sua oração não é para o engrandecimento de Deus é para a sua própria glorificação. Esta é a postura própria de quem se acha muito justo, muito bom, muito santo, ao ponto de suas qualidades ofuscarem a grandeza de Deus, inclusive na sua oração.

Esta é a situação do fariseu citado no evangelho de hoje, mas é também a condição de muitos crentes, que até tem vida de oração, porém na busca do engrandecimento de si mesmo. Além do mais não permitem que a oração o transforme, o converta, pois até na sua oração fazem guerra contra os outros.

Esta postura está muito nítida na oração do fariseu, primeiro ele enaltece a si mesmo, julgando ser melhor do que os outros. Em segundo lugar aponta os pecados dos outros, enquanto não é capaz de confessar um único pecado seu. Em terceiro lugar lembra a Deus que ele é um cumpridor dos seus deveres religiosos.

A oração do fariseu é da boca pra fora, uma vez que não toca a sua vida, não chega ao seu coração. A oração é para o engrandecimento de Deus, para manifestar a Ele nossa gratidão, para reconhecer nossa pequenez, nossa condição de pecadores. Assim como fez o publicano, cujo modelo de oração que somos chamados a imitar.

Primeiro ele se mantém à distância, sinal da reverência diante de Deus. Segundo batia em seu peito numa atitude penitencial e pede “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!” (Lc 18, 13). O publicano nos dá testemunho que a justiça de Deus se manifesta na forma do perdão, quando humildemente reconhecemos nossa pequenez diante Dele. Com ele aprendemos que a oração requer a exaltação de Deus e o reconhecimento da pequenez por parte do homem.

Enquanto na oração do fariseu a relação com Deus está completamente invertida, senão pervertida, pelo interesse, pela soberba. Dando quase a entender que é Deus quem precisa do fariseu, não este de Deus. Uma das consequências fundamentais da oração é o abandono confiante na justiça divina.

Peçamos ao Senhor que nos ajude a purificar e a consolidar nossa vida de oração. E que a oração nos ajude a compreender, neste mundo, no qual somos manipulados para assumir a condição de juízes de tudo e de todos, que não somos promotores de justiça. Como pecadores somos todos necessitados da sua justiça, dada a nós na forma do perdão. Somente Deus é “justo juiz”, Nele é que devemos confiar e esperar, a Ele é que devemos glorificar e servir.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Lc 18, 9-14
Evangelho: Eclo 35, 15b-17.2022a/Sl 33 (34)/ IITm 4, 6-8.16-18