Quinta-feira da 4ª Semana do Tempo Comum
Memória de São Paulo Miki e companheiros, Mártires
Evangelho – Marcos 6,7-13
“Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois,” Mc 6,7.
Jesus alicerça em seus discípulos a sua comunidade, que é convidada a anunciar a profunda experiência de amor que tiveram com o mestre. Sempre que lemos o relato do envio dos discípulos ficamos maravilhados com os feitos que estes realizam e com as advertências que Jesus faz para eles de como proceder na missão, no entanto o mais tocante de todo este contexto é a forma que Jesus propõe para os discípulos irem: sempre de dois a dois, nunca só, isolado ou longe dos irmãos.
A vida comunitária é o meio pelo qual Jesus convida todos nós a experimentar a caridade, a correção fraterna e a humildade. Desvela-se na vida com os irmãos a experiência da comunidade de Jesus. Ele não quis exercer sua missão só, mas quis partilhar com outros homens o encargo que do Pai recebeu. Jesus transmite aos seus discípulos a missão de anunciar, curar as feridas e vencer o mal.
A comunidade é justamente o lugar onde experimentamos tudo isso, com a vida dos sacramentos, a partilha dos nossos bens e a caridade fraterna. O mundo de hoje avigora um sentido de uma “igreja” individualista, que está cheia de cristãos acéfalos, homens e mulheres que abrem mão da experiência comunitária em nome do seu “eu”, são pessoas que não admitem um nós, mas estão voltadas para si e não são capazes de acolher os outros e nem viver com os demais. A “igreja” dos que dizem “rezar em casa” por não precisar de ninguém, dos que não sabem viver fraternalmente fazendo o sacrifício das suas vontades em nome da unidade. Daqueles que formam sua própria comunidade, que sempre está voltada para sua figura egoísta e orgulhosa, o contrário das primeiras comunidades que partilhavam tudo como irmãos e venciam toda vaidade e todo ego.
Quando o Senhor chamou seus discípulos, ele não o fez para que cada um saísse e vivesse isolado, longe da comunhão. Jesus chamou os doze para fazer a experiência de viverem uns para os outros, na grande família dos filhos de Deus. Para isso foi preciso vencer todo individualismo egoísta, todo comodismo, orgulho e as falsas ideias sobre o Senhor. Judas ficou pelo caminho justamente por sua falsidade, sua dissimulação e falta de vivência integral da comunidade, fugiu do projeto de Jesus, em nome daquilo que ele acreditava! Era falso!
A moldura do amor é o sacrifício. A vida comunitária exige de nós grandes e incontáveis sacrifícios. Quem não sabe sacrificar suas vontades egoístas e seu orgulho em nome do Reino, não poderá experimentar a grandeza da vida comunitária. Se não sei fazer o “sacrifício agradável a Deus”, que é o “do próprio coração”, tão pouco entenderei o que significa ser para com todos. Nosso amor não é nosso, ele é feito para os outros.
Padre Raifran Rego de Sousa
Pároco da Paróquia São Sebastião
Vila Boa-GO
Leituras: 1Rs 2,1-4.10-12 / 1Cr 29,10-12
Evangelho: Mc 6,7-13