Cremos no Deus Uno e Trino

A solenidade de hoje nos coloca no centro da fé cristã ao celebrar o Deus Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo. Do qual tudo recebemos e pelo qual nos “movemos e somos”. O Deus cristão, que nos foi revelado em Jesus Cristo é unidade de natureza e Trindade de Pessoas.

O Pai é aquele que envia; o Filho é a Palavra da verdade e mediador único da salvação; o Espírito Santo é o santificador, que derrama em nossos corações o amor de Deus para que possamos progredir em santidade, amando como Deus quer que nos amemos.

No Deus Uno e Trino encontramos a resposta para a superação das graves divisões que marcam a história e dilaceram a convivência entre nós. Na sua própria natureza de unidade e comunhão Deus está a nos dizer que a divisão é um caminho de morte e não de vida. Disto decorre que a superação das divisões e o empenho sincero pela comunhão é um imperativo da existência cristã no mundo.

Se o Deus que professamos pela fé é comunhão de pessoas, é unidade de natureza, não podem viver divididos aqueles que aderiram a Ele pela fé. À medida em que cresce a nossa adesão ao Deus Trindade as divisões precisam ir sendo superadas. A este respeito, a Lumen Gentium n. 01 apresenta a Igreja como instrumento de comunhão: “… a natureza e a missão universal da Igreja a qual é em Cristo como que sacramento ou sinal, e também instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano”.

A divisão não é própria da natureza de Deus. Sua natureza é a unidade na Trindade. Divisor é o Demônio, inimigo de Deus e inimigo dos homens, que trabalha dia e noite para separar os homens de Deus e para dividir os homens entre si.

Partindo desta compreensão resulta que uma das exigências da fé cristã e do ser cristão católico é a de trabalhar incansavelmente para que as divisões sejam superadas. A divisão somente é necessária para com o mal e para com aqueles que a ele aderem obstinadamente. Porque no mal não há possibilidade de comunhão, pois ele é a desordem por natureza.

O Deus Uno e Trino é também eterno e verdadeiro, é o Deus vivo. Como tal a mentira, o cinismo, são contrários à natureza de Deus, de modo que os que as promovem colocam-se numa condição de inimizade para com Deus.

O Deus Uno e Trino é a vida e a fonte da vida, Nele não há nenhum sinal de morte. Se hoje estamos sujeitos à morte foi devido ao pecado dos nossos primeiros pais. A morte não é resultado do querer de Deus para nós, antes é a consequência da rebelião contra Ele.

Assim, aqueles que se rebelam contra Deus, passam a percorrer um caminho de morte, até que venham a arrepender-se dos seus pecados. Igualmente aqueles que promovem a morte nas suas diversas formas: pela guerra, pela corrupção, pela destruição da família, pela perversão dos costumes, se fazem inimigos do Deus da vida.

O Deus Uno e Trino é eterno, ou seja, precede todas as coisas, antes que tudo viesse a existir, Deus já era o que sempre foi. Como bem nos lembra o Livro dos Provérbios: “Quando preparava os céus, ali estava eu…” (Pr 8, 27). De Deus viemos para Ele devemos voltar o nosso coração. Que com esta solenidade de hoje renovemos a nossa pertença ao Deus Uno e Trino, no qual um dia fomos batizados: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Somos, pois, filhos adotivos de Deus, não nos deixemos escravizar pelos ídolos mortos fabricados por nossas próprias mãos.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Pr 8, 22-31∕Sl 8/Rm 5, 1-5
Evangelho: Jo 16, 12-15