28.7 C
Formosa
quarta-feira, 8 maio, 2024 - 17:35 PM

XXXIII Domingo do Tempo Comum

-

Quão grandes tesouros nos têm dado o Senhor

Quando viemos a este mundo, tudo o que trazemos recebemos gratuitamente de Deus: a vida, o ar que respiramos, a família, o pai, a mãe, os irmãos. Em absoluto, não temos nada que não tenhamos recebido de Deus. Jó traduz isto nas seguintes palavras: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá” (Jo 1, 21). Sequer escolhemos quando, onde e como nascemos. Deus, o Senhor de toda a criação, nos cumula de todos os seus bens, os quais nos cabe administrar com responsabilidade, gratidão, bondade e fidelidade.

Temos recebido de Deus muitos talentos através dos quais podemos realizar um grande bem neste mundo procurando multiplicar o que Deus nos deu. Contudo, isto requer empenho, trabalho, sacrifício, doação, partilha. Sejamos, pois, agradecidos a Deus por tudo que Ele nos tem dado. A melhor forma para manifestar esta gratidão é procurar fazer crescer os bens com os quais o Senhor nos cumulou.

Se Deus nos deu a vida trabalhemos pela vida da sua concepção ao seu ocaso natural. Seja cuidando daqueles que Deus nos confiou com amor, com respeito. Seja respeitando a nossa própria dignidade, como a dos nossos semelhantes. Valorizando as crianças, os idosos, cuidando com carinho os que estão enfermos, cuidando uns dos outros. Isto é multiplicar o talento da vida que Deus nos deu.

Seria um gravíssimo contrassenso sermos sinais de morte neste mudo se de Deus recebemos o talento da vida. Seria agir como o “Servo mau e preguiçoso!” do evangelho que enterrou o talento que recebeu. Enterra o talento da vida quem se deixa dominar pelos vícios, quando Deus quer semear a virtude na sua vida. Quem age com violência, desrespeito, indiferença para com o próximo. Quem pratica atitudes de morte, seja contra si mesmo, seja contra o próximo, está enterrando o talento da vida que Deus lhes confiou.

Além do dom da vida Deus nos deu, em Cristo, o grande bem de nos tornar filhos de Deus pelo batismo, nos deu os sacramentos, sobretudo a eucaristia, na qual nos alimenta com seu corpo, alma e divindade. Nos deu a confissão, sacramento no qual nos concede o seu perdão. Quão grandes tesouros nos têm dado o Senhor.

Não podemos sufocar estes bens com a preguiça que nos impede de fazê-los multiplicar. Ser filho de Deus pelo batismo e, no entanto, viver como escravos do pecado, é enterrar o talento que Deus nos deu. Ser destinado ao céu pelos méritos de Cristo, mesmo assim, seguir caminhando para o inferno por simples rebeldia contra Deus e os seus mandamentos, é enterrar os talentos que Deus nos deu. Ter a possibilidade do perdão dos pecados no sacramento da penitência e mesmo assim, insistir em viver na inimizade com Deus e com o próximo é estultícia de servo mau e preguiçoso.

Não desperdicemos os bens que Deus nos tem confiado. É consolador o elogio que o patrão faz ao servo que valorizou os bens que recebeu, que lhes deu vida, que os tornou úteis: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” (Mt 25, 21). Não nos esqueçamos que a alegria do Senhor é eterna, permanece para sempre. Quem não despreza os dons de Deus, quem os coloca a serviço da transformação deste mundo para melhor e para a salvação dos irmãos, torna-se destinatário desta alegria.

Pelo contrário, quem enterra os talentos que recebeu, agindo com maldade, preguiça, acomodação, malícia, recebe uma dura reprimenda além de ter o destino dos infiéis: “Servo mau e preguiçoso!…Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes!” (Mt 25, 30). Esta preguiça malsã que faz com que muitos fujam do empenho da conversão, querendo que a Igreja aceite os seus pecados qualquer custo sem propósito de emenda. Preguiça malsã que conduz muitos a quererem entrar para a Igreja enquanto querem permanecer agarrados ao mundo com seus vícios e deturpações abomináveis.

Os talentos que Deus nos deu é para edificação deste mundo, mas também para nos conduzir à vida eterna. Mas como se pode ver, os preguiçosos não caminham para o reino, mas para a condenação. Não podemos passar a vida almejando coisas grandes se não cuidados com zelo e carinho das coisas menores e pequenas que nos foram confiadas pelo Senhor.

Pode ocorrer de alguém desejar constituir uma família, enquanto não se preocupa de cuidar com responsabilidade da sua própria vida. Como poderá cuidar da vida de outros? Outros talvez carreguem um profundo desejo e ir para o céu. Mas são tão preguiçosos e descuidados com as responsabilidades que tem aqui nesta terra. Cuidemos com diligência do que nos foi confiado, pois a fidelidade ao bem, ao amor, à verdade, à justiça, ao evangelho nos abre caminho para a alegria do céu, que permanece para sempre.

 

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Pr 31, 10-13.19-20-30-31/Sl 127 (128)/ Its 5, 1 -6
Evangelho: Mt 25, 14 -30

Compartilhe

Últimas publicações

03 ano de Ordenação Presbiteral do Pe. Kleison (01/05)

“Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem do sacerdócio de Melquisedec”. (Hb 5,6) No dia 01 de maio de 2021, o Padre Kleison Dias...

50 anos de vida do Pe. Adenailton Machado (02/05)

“Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que Deus pode conceder a uma paróquia e um dos...

58 anos de vida do Diácono Santo Vitor (04/05)

“Pois aqueles que exercem bem o diaconato conquistam lugar de honra, e também muita coragem na fé em Cristo Jesus”. (1Tm 3,13) Diácono Santo Vitor...

34 anos de vida do Pe. José Danilo (06/05)

“Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que Deus pode conceder a uma paróquia e um dos...

Últimos comentários

X