Alegrai-vos e exultai (parte 1)

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A Santidade é o rosto mais belo da Igreja. O Papa Francisco, na sua nova Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate”, sobre a chamada à santidade no mundo atual, convoca-nos para o seu humilde objetivo, como ele mesmo expressou: “fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós ‘para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor’ (Efésios 1,4)” (Exort. Apost. Gaudete et Exsultate, n. 02).

O Papa Francisco, com linguagem simples e precisa, garante-nos demorados momentos reflexivos nesta nova Exortação. Ele chama a nossa atenção para a necessidade de vivermos um estilo de vida cristã a partir da santidade comum, pois o Espírito Santo, autor da santidade na Igreja, derrama-se por toda a parte, derrama-se em todos os batizados que buscam a fidelidade própria do povo de Deus. “A santidade comum forja-se nas situações mais simples da vida, como: nos pais que criam seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir” (Exort. Apost. Gaudete et Exsultate, n. 07).

A Igreja, mesmo sendo agitada por muitas ondas, isto é, também agitada pelos pecados de seus próprios filhos, não pode deixar de anunciar a beleza da santidade de Deus. Santidade esta que sempre fora estampada multissecularmente no tempo e na história dos homens pela santidade comum dos cristãos. Os filhos da Igreja são chamados à santidade quando se aproximam da carne de Cristo sofredor, quando se permitem sofrer os riscos na vida ordinária.

O Papa também nos adverte sobre os inimigos da vida santa. Ele chama a atenção sobre as heresias do gnosticismo e do pelagianismo. São equívocos que trazemos para dentro da vida cristã. A primeira heresia citada significa viver uma fé presa aos seus próprios esquemas mentais, apoiando-se no império do excesso de conhecimento. A segunda heresia citada por Francisco, a do pelagianismo, absolutiza a vontade e não mais o conhecimento – são aqueles tipos de cristãos que confiam na força do próprio braço, esquecem-se da primazia da graça de Deus. Para a Exortação, quem se conforma a essa mentalidade vive uma vontade sem humildade.

Que a mesma alegria que povoa o coração de Francisco de Roma também faça morada em nossos corações. Sejamos santos alegres num mundo tão cansado que espera nosso testemunho!

Dom Manoel Delson
Arcebispo da Paraíba