Sexta-feira da I Semana do Advento
Evangelho – Mateus 9,27-31

Universalidade da unidade às cegas da Santificação

A santidade se busca também no meio da comunidade: “Partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: ‘Tem piedade de nós, filho de Davi!’ Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele (Cf. Mt 9,27-31). Há uma cegueira reinante na vida dos leigos que não os deixam ver tantos meios disponíveis para suas santificações pessoais e comunitárias. O Serviço que os leigos prestam à comunidade tem sua responsabilidade de ser Igreja e, por sua vez, o estilo de vida do padre é a busca pela sua Santificação e dos fieis leigos. Deste modo o Catecismo da Igreja Católica diz que o Ministérios do Presbítero está centrado na palavra, na graça e na vida cristã (Cf. CEC 1587). Tanto a vida do sacerdote quanto a vida do leigo não podem estar às cegas da santificação.

Somos cegos quando não conseguimos enxergar na pregação do padre a vida divina com o sopro do Espírito Santo. Por isso que a pregação do padre não é apenas sobre as leituras, e nem tão somente a respeito do Evangelho, mas do mistério que se celebra. Esta é a grandeza do Ministério Sacerdotal: possibilitar a palavra, a graça e a vida cristã na vida de um povo, o “repouso em Deus” (cf. Hb 4). O Papa Francisco em um discurso disse: “como é doce ficar e permanecer diante do Santíssimo”. Contudo, ele tem consciência que para o leigo “ficar e permanecer diante do Santíssimo” se carece das palavras de um padre.

A palavra do padre é para aproximar os fieis à Cristo por meio da Igreja e dos seus sacramentos. Sem amor pela palavra seremos pobres e cegos sem saber pra onde seguir: “Os que temem o Senhor não desobedecem às suas palavras, os que o amam observam os seus caminhos. Os que temem o Senhor procuram o seu beneplácito, os que o amam saciam-se com a sua lei” (Eclo 2,18-19); São Paulo é incisivo ao dizer: “Sois uma carta de Cristo, gravada não em tábuas de pedra, mas em vossos corações” (2Cor 3,3); Já no Salmo 118 nossa alma encontra repouso: “É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor!” (Sl 118,57).

“Se queremos conhecer a sagrada escritura podemos ler a vida dos santos” dizia alguns padres em seus sermões. Cada um dos santos souberam ler as Escrituras em suas vidas. Também nós somos convidados a “apropriar da Sublime ciência de Deus” (cf. Fl 3,8) deixada pela vida dos santos, os quais foram cegos para enxergar a facilidade deste mundo, porém viram despontar a santidade em suas ações.

Para governar o povo de Deus, o bispo precisa contar com os padres, enxergar os quais doam a vida por Jesus Cristo. Assim, a vida do Sacerdote é o começo do sempre, um sempre novo. Todavia, se requer sensibilidade ao dirigir à vida de um consagrado mesmo que for pra dizer: “Por favor, Reverendo!” Ou, por outro lado, “Obrigado!”.

Os santos já nos ensinavam desde os primeiros séculos, “Deixe Cristo para servir a Cristo depois volte a Cristo”. Mas será que se pode deixar Jesus para servir Cristo? Sabemos que o grande amor do padre é Cristo. Aliás, na boca dos populares se diz: “não se descobre um Santo para vestir a outro”.

Um cego não consegue tratar cada pessoa segundo ela mesma; se é um servo acolher como servo, se grande administrador tratar como administrador, mas sendo um santo, dar a estima daquele que soube testemunhar Cristo em suas vidas e, ainda mais, conseguiram interpretar a Palavra de Deus nos seus atos rotineiros. Discernir entre uma ação e outra, acolhendo aquela a que melhor se mostra no servir ao próximo. Isso representa uma boa maneira de demonstrar o quanto de caridade está em nosso coração que enxerga a necessidade do próximo. Por fim, segundo Santo Inácio de Loyola, a nossa intimidade com a palavra precisa ser de contemplação, quando se enxerga o invisível. Contemplar como no antigo testamento onde se buscava a tenda para contemplar a Deus. Na vida de todo leigo e sacerdote tem que haver a tenda de Deus e, todavia, sempre repetir a mesma pergunta: “no trabalho do meu dia a dia tem a tenda de Deus, armada para a minha santificação fazendo com que enxergo a universalidade da unidade da santificação ou permaneço às cegas da santificação?

Pe. Joacir S. d’Abadia
Pároco da Paróquia São José e Adm. da Paróquia Santa Luzia
Formosa-GO