XXIV Domingo do tempo comum

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“Mas encontrei misericórdia…” (ITm 1, 13)

Hoje a liturgia vem nos indicar qual é o remédio para o nosso pecado, o caminho da conversão, que é o fruto do encontro entre duas realidades: de uma lado a misericórdia de Deus, do outro o arrependimento humano. Quando estas duas realidades se encontram nasce o homem novo forjado no amor de Jesus Cristo.

Embora sejamos todos pecadores, em Nosso Senhor Jesus Cristo, podemos encontrar a misericórdia, o caminho de uma vida nova, deixando para trás as traições, os pecados e os vícios que nos escravizavam durante o tempo da ignorância e da falta de fé. São Paulo experimentou isto em sua própria vida, tanto que ele afirma por duas vezes na segunda leitura que “encontrou misericórdia”.

Encontrou misericórdia porque encontrou-se com o Senhor e a misericórdia de Deus em sua vida não foi em vão. Porque São Paulo, como tantos outros pecadores ao longo da história, souberam responder à misericórdia divina com a humildade e o arrependimento. Deixando que o Senhor os conduzisse pelos caminhos de uma vida nova. Assim expressa São Paulo: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o primeiro deles!” (ITm 1, 15).

Se não reconhecemos nossos pecados, não os confessamos reconhecendo que somos pecadores, podemos estar muito próximos de Jesus, até mesmo dentro da Igreja, à exemplo dos fariseus e mestres da lei, mas não nos converteremos. Não se converter é viver perdido de Deus, do seu amor, à exemplo das três imagens do evangelho: a ovelha, a moeda e o filho pródigo.

Aquele que não se permite ser alcançado pela misericórdia divina, que não se abre à graça do arrependimento está perdido. É preciso retomar o caminho de volta para Deus, porque longe dele nos perdemos e nos acostumamos com um estilo de vida miserável, comendo as lavagens de porcos que o mundo nos oferece.

Vejamos o exemplo do filho pródigo, na procura de uma falsa independência achou que poderia se sustentar de pé numa vida de esbanjamento, promiscuidade, longe da casa do seu pai. Não demorou muito se vê oprimido pelas consequências do seu pecado. Toma a decisão de voltar para casa, deixando para trás de si o lamaçal do mundo, da vida livre, sem Deus, sem laços familiares, sem responsabilidade.

Ao voltar para casa o pai o avista ao longe, porque este pai é a imagem de Deus que olha continuamente para tantos filhos seus que se perderam na vida, que estão escravizados pelos vícios, pela ambição, pelo sexo desregrado e desordenado. O Pai olha e espera que todos aqueles que estão perdidos possam um dia se dar conta do seu pecado e voltar para casa, com a disposição de recomeçar a vida de jeito diferente. Deixando para trás o que não é comum aos cristãos, aos filhos de Deus.

Não é comum que os filhos de Deus, os cristãos vivam em adultério, na prostituição, no paganismo, na pornografia, no homossexualismo, na drogadição, na fornicação, no roubo, o aborto, a ganância, na mentira, na violência. O Senhor nos convida a deixar tudo isto para traz, e começar uma vida nova. Seria loucura trocar uma eternidade feliz na glória dos céus por alguns anos de falsa alegria neste mundo.

A nossa conversão é a alegria do céu, assim nos diz o evangelho: “haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc 15, 7). Supliquemos, pois a Deus, que nos dê a graça do arrependimento, da conversão. Arrepender-se “consiste numa dor da alma e na detestação do pecado cometido, coma resolução de não mais pecar no futuro” (CCE, 1551). E converter-se é voltar-se para Deus de corpo, alma e coração, mudando a orientação da nossa vida.

O céu espera ansiosamente por nossa conversão. Também nós podemos encontrar misericórdia no Senhor. Mas não é possível encontrar a misericórdia e continuar amigo do pecado, amigo da mundanidade. Lembremo-nos que a amizade com Deus é inimizade com o pecado, a inimizade com o pecado nos conduz à amizade com Deus.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Ex 32, 7 -11.13-14/Sl 50 (51)/ITm 1, 12-17
Evangelho: Lc 15, 1-32