Sexta-feira da XXXIV Semana do Tempo Comum
Evangelho – Lucas 21, 29-33

27. Porque Jesus fala em Parábolas?

As parábolas antes de ser apenas umas histórias sem sentido, elas ensinam as doutrinas mais complexas de uma forma simples, permitindo a sua compreensão. Jesus usou, por várias vezes, este estilo linguístico falando para diversos públicos: “Jesus contou-lhes uma parábola” (Lc 21,29-33). Até mesmo seus discípulos ficavam reflexivos com as parábolas ao ponto de conversarem entre si a respeito do significado delas, e quando o tema era por demais relevante o próprio Jesus Cristo era inquirido sobre o assunto, como foi na Parábola do Semeador (cf. Mt 13,1-58), deixando-a de ter uma interpretação oculta.

Veja, pois:
“10 Os discípulos aproximaram-se dele, então, para dizer-lhe: “Por que lhes falas em parábolas?”

11 Respondeu Jesus: “Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. (Segundo nota da Bíblia Ave Maria, este “vós” refere-se aos Discípulos: “A vós: os discípulos receberam ensinamentos mais aprofundados que o povo em geral, porque, mais tarde, eles os deviam ensinar a outras pessoas”).

12 Ao que tem se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem, será tirado até mesmo o que tem.

13 Eis por que lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam.

14 Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis.

15 porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Is 6,9s).

16 Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque veem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem!

17 Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram”” (Mt 13,10-17).

Vejamos, todavia, segundo citação do Padre Paulo Ricardo, a interpretação do Doutor Angélico, Santo Tomás de Aquino ( S. Th. III, q. 42, a. 3):

Por três motivos uma doutrina pode permanecer oculta:

a) Pela intenção de quem ensina, que não quer comunicá-la a muitos, mas antes mantê-la oculta, seja por inveja e desejo de excelência, seja por tratar-se de uma doutrina errada ou imoral. É evidente que não foi este o caso de Nosso Senhor.

b) Porque se ensina a poucos. Tampouco este motivo diz respeito a Jesus Cristo, pois, como Ele mesmo disse a Pilatos, “Eu falei publicamente ao mundo; ensinei sempre na sinagoga e no templo, aonde concorrem todos os Judeus; nada disse em segredo” (Jo 18, 20). As mesmas instruções que o Senhor dava privadamente a seus Apóstolos deveriam depois ser pregadas publicamente (Mt 10, 27).

c) Pelo modo de ensinar. Dessa forma, Cristo ocultava algumas coisas às turbas quando lhes expunha em parábolas os mistérios que não eram capazes ou dignas de receber. No entanto, ainda lhes era melhor recebê-los assim e ouvir a doutrina espiritual sob o véu das parábolas que permanecer totalmente excluídas dela. E, além disso, o Senhor expunha a verdade clara e desnuda das parábolas aos discípulos, por meio dos quais ela haveria de chegar aos outros que fossem capazes de recebê-la.

Para Raymond E. Brown, em síntese, o discurso: sermão em parábolas contido no Evangelho de São Mateus no capítulo 13: “Estruturalmente situadas no centro do evangelho, as parábolas servem como um comentário variado sobre a rejeição de Jesus pelos fariseus nos dois capítulos pretendentes. Ao apresentar a parábola do semeador e sua interpretação (Mt 13,1-23), o evangelista acrescenta dois elementos: uma citação-fórmula (Mt 13,14-15) de Is 6,9-10, citada implicitamente em Marcos, é uma benção de Q, que amplia a felicidade daqueles que são favorecidos com o conhecimento dos segredos do reino (Mt 13,16-17). Essa parábola enfatiza os diversos obstáculos e percalços encontrados pelo anúncio do reino. Em Mt 13,13 Jesus fala em parábolas “porque [eles] vêem sem ver” – uma leitura mais fácil do que a de Mc 4,11-12, em que Jesus afirma que as parábolas são endereçadas aos de fora a fim de que não vejam, entendam ou convertam-se, é um texto agressivo, se não se compreende a abordagem que a Bíblia faz da providência divina, de acordo com a qual o que de fato resulta é muitas vezes apresentado como a intenção de Deus” (Introdução ao Novo Testamento, 2004, p. 278 e 279).

Pe. Joacir S. d’Abadia
Pároco da Paróquia São José e Adm. da Paróquia Santa Luzia
Formosa-GO